Ela ainda
está em toda parte: pendurada nos braços, em dobras drapeadas sobre a barriga,
em volta das coxas; infecciona com frequência e é tão incômoda que ele é
obrigado a usar uma cadeira de rodas a maior parte do tempo. "É como se eu
estivesse carregando umas crianças por aí", disse Mason.
Mason, que
tem 54 anos, não conseguia encontrar um médico disposto a retirar o excesso de
pele na Inglaterra, onde morou até recentemente. Mas com uma combinação de
vontade forte, sorte, fé e a bondade de muitos estranhos, ele agora está
morando no interior de Massachusetts e se preparando para a primeira de uma
série de cirurgias de remoção de pele na cidade de New York.
Sua nova
vida não poderia ser mais diferente da antiga, quando ele estava sozinho, de
cama, desesperado e comendo até morrer.
"Quando
eu olho para trás para aquela pessoa, aquela pessoa de 445 kg que ficava
deitada na cama 24 horas por dia, só pensando em comer e nada mais, não sou
eu", disse Mason. "Eu não quero ser aquela pessoa."
Tudo vem
sendo uma série de acontecimentos improváveis. Depois que uma matéria sobre
Mason apareceu no "The New York Times", uma cirurgiã plástica do
Lenox Hill Hospital, Jennifer Capla, recebeu um telefonema de sua mãe, que também
é médica.
"Ela
disse: 'Você precisa ajudar este homem!'", lembra-se Capla.
Depois de ir
atrás de Mason na casa dele em Ipswich, Inglaterra, Capla apresentou-lhe uma
proposta de mudar a vida: se ele pudesse ir aos Estados Unidos, ela faria a
cirurgia de remoção de pele e abriria mão do pagamento.
Ao mesmo
tempo, uma mulher de Orange, Rebecca Mountain, viu um vídeo sobre Mason no
YouTube. Ela também ficou tocada pelo quanto ele tinha caminhado e o quanto
ainda precisava caminhar.
"É
fácil fazer sensacionalismo com a história de forma que ela gire em torno do
peso, e não da pessoa", disse Mountain. "Mas esta era de fato uma
história transformadora. Havia algo ali. Você podia ver a pessoa genuína
ali."
Ela o
encontrou no Facebook, e eles começaram a conversar via Skype. As conversas
logo ficaram pessoais. "A maioria delas durava horas, até o sol nascer na
Inglaterra", disse Mason. Ele não tinha tido um relacionamento sério havia
mais de 25 anos; Mountain, 41, estava solteira há alguns anos.
Mountain
trabalha por conta própria, fazendo mobília para gatos – almofadas para afiar
as unhas, postes para escalar – e quase não consegue pagar suas contas. Mas ela
começou a poupar, um pouco de dinheiro de cada vez, até que conseguiu comprar
uma passagem para a Inglaterra. Quando ela e Mason finalmente se encontraram,
ela disse: "foi como rever um velho amigo, porque nós já tínhamos
construído aquele nível de conversa e confiança".
As coisas
começaram a acontecer rapidamente. Por causa da visibilidade na Inglaterra, o
talk show norte-americano "The View" ouviu falar sobre Mason e o
levou para lá. Mountain o surpreendeu com um pedido de casamento.
"Sabíamos que queríamos fazer isso, e eu pensei, 'vamos tornar
público", disse Mountain.
Mason se
mudou para os EUA no final do ano passado, e agora mora na pequena casa de
Mountain em um lugar encantador porém isolado no interior. Não tem sido fácil.
O dinheiro é um grande problema; eles ainda estão tentando levantar o suficiente
para os cuidados pós-operatórios.
O Lenox Hill
Hospital também está arcando com os custos da cirurgia de Mason, que está
agendada para 28 de abril. É um procedimento complicado, e Capla terá a ajuda
de uma grande equipe de médicos, incluindo dois cirurgiões de outros estados.
(Eles também não cobrarão para fazer a cirurgia.)
Quanto a
Mason, teve muito tempo para pensar sobre quem ele era antes. Ele atribui sua
antiga obesidade a uma combinação de coisas: um pai cruel que batia e era
verbalmente violento com ele e a mãe; uma parente que abusou sexualmente dele
durante anos quando ele era criança; e colegas de classe que o ridicularizavam
ao ponto de a escola ser um tormento.
Ele
trabalhou durante anos entregando correspondência, mas acabou ficando muito
gordo para continuar e teve que viver de benefícios do governo. Depois que seu
pai morreu, ele voltou para casa para cuidar da mãe. Foi então que começou a
comer para esquecer. "A comida era uma fuga para mim", disse ele.
"Era como ir para um mundo diferente, onde eu sentia conforto."
Sua vida
acontecia na cama e se reduziu a quase nada: comer, cochilar, comer, cochilar.
Ele precisava de cuidados 24 horas por dia; para trocar os lençóis, seus
acompanhantes tinham que levantá-lo da cama com uma máquina especial. Quando
ele foi para o hospital, foi levado numa empilhadeira.
Depois que
sua mãe morreu, Mason procurou terapia pela primeira vez. Suas emoções vieram à
tona. (Ele agora está escrevendo um livro.) Isso foi o estopim de tudo o que
aconteceu depois: a operação, a perda de peso extrema, e o desejo de nunca mais
voltar àquela época e a ser aquela pessoa.
Agora ele
come moderadamente, e às vezes esquece de comer, até que Mountain o lembra. Ele
é um bom cozinheiro, e desde que mudou, a própria dieta de Mountain melhorou
consideravelmente. Ela parou de pedir pizza e começou a esperar ansiosamente as
refeições caseiras de seu noivo.
"Eu não
diria que meu corpo é um templo", disse Mason. "Mas a comida agora é
um meio para um fim." Ele continuou: "você se ergue daquele poço de
escapismo que o cercava – eu não sei que palavra eu usaria, mas era como o
crack, na verdade – e daí você agarra a vida."