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terça-feira, 28 de abril de 2015

Após perder 294 kg, homem agora se prepara para "trocar de pele" nos EUA



Paul Mason, que já pesou 445 kg e concorreu ao assombroso título de homem mais gordo do mundo, perdeu surpreendentes 294 kg depois de uma cirurgia de bypass gástrico [técnica de redução do estômago]. Mas ele ficou com um lembrete cruel e perpétuo da pessoa que já foi um dia: mais ou menos 45 kg de pele solta que o envolvem como uma coberta viva.

Ela ainda está em toda parte: pendurada nos braços, em dobras drapeadas sobre a barriga, em volta das coxas; infecciona com frequência e é tão incômoda que ele é obrigado a usar uma cadeira de rodas a maior parte do tempo. "É como se eu estivesse carregando umas crianças por aí", disse Mason.

Mason, que tem 54 anos, não conseguia encontrar um médico disposto a retirar o excesso de pele na Inglaterra, onde morou até recentemente. Mas com uma combinação de vontade forte, sorte, fé e a bondade de muitos estranhos, ele agora está morando no interior de Massachusetts e se preparando para a primeira de uma série de cirurgias de remoção de pele na cidade de New York.

Sua nova vida não poderia ser mais diferente da antiga, quando ele estava sozinho, de cama, desesperado e comendo até morrer.

"Quando eu olho para trás para aquela pessoa, aquela pessoa de 445 kg que ficava deitada na cama 24 horas por dia, só pensando em comer e nada mais, não sou eu", disse Mason. "Eu não quero ser aquela pessoa."

Tudo vem sendo uma série de acontecimentos improváveis. Depois que uma matéria sobre Mason apareceu no "The New York Times", uma cirurgiã plástica do Lenox Hill Hospital, Jennifer Capla, recebeu um telefonema de sua mãe, que também é médica.

"Ela disse: 'Você precisa ajudar este homem!'", lembra-se Capla.

Depois de ir atrás de Mason na casa dele em Ipswich, Inglaterra, Capla apresentou-lhe uma proposta de mudar a vida: se ele pudesse ir aos Estados Unidos, ela faria a cirurgia de remoção de pele e abriria mão do pagamento.

Ao mesmo tempo, uma mulher de Orange, Rebecca Mountain, viu um vídeo sobre Mason no YouTube. Ela também ficou tocada pelo quanto ele tinha caminhado e o quanto ainda precisava caminhar.

"É fácil fazer sensacionalismo com a história de forma que ela gire em torno do peso, e não da pessoa", disse Mountain. "Mas esta era de fato uma história transformadora. Havia algo ali. Você podia ver a pessoa genuína ali."

Ela o encontrou no Facebook, e eles começaram a conversar via Skype. As conversas logo ficaram pessoais. "A maioria delas durava horas, até o sol nascer na Inglaterra", disse Mason. Ele não tinha tido um relacionamento sério havia mais de 25 anos; Mountain, 41, estava solteira há alguns anos.

Mountain trabalha por conta própria, fazendo mobília para gatos – almofadas para afiar as unhas, postes para escalar – e quase não consegue pagar suas contas. Mas ela começou a poupar, um pouco de dinheiro de cada vez, até que conseguiu comprar uma passagem para a Inglaterra. Quando ela e Mason finalmente se encontraram, ela disse: "foi como rever um velho amigo, porque nós já tínhamos construído aquele nível de conversa e confiança".
As coisas começaram a acontecer rapidamente. Por causa da visibilidade na Inglaterra, o talk show norte-americano "The View" ouviu falar sobre Mason e o levou para lá. Mountain o surpreendeu com um pedido de casamento. "Sabíamos que queríamos fazer isso, e eu pensei, 'vamos tornar público", disse Mountain.

Mason se mudou para os EUA no final do ano passado, e agora mora na pequena casa de Mountain em um lugar encantador porém isolado no interior. Não tem sido fácil. O dinheiro é um grande problema; eles ainda estão tentando levantar o suficiente para os cuidados pós-operatórios.

O Lenox Hill Hospital também está arcando com os custos da cirurgia de Mason, que está agendada para 28 de abril. É um procedimento complicado, e Capla terá a ajuda de uma grande equipe de médicos, incluindo dois cirurgiões de outros estados. (Eles também não cobrarão para fazer a cirurgia.)

Quanto a Mason, teve muito tempo para pensar sobre quem ele era antes. Ele atribui sua antiga obesidade a uma combinação de coisas: um pai cruel que batia e era verbalmente violento com ele e a mãe; uma parente que abusou sexualmente dele durante anos quando ele era criança; e colegas de classe que o ridicularizavam ao ponto de a escola ser um tormento.

Ele trabalhou durante anos entregando correspondência, mas acabou ficando muito gordo para continuar e teve que viver de benefícios do governo. Depois que seu pai morreu, ele voltou para casa para cuidar da mãe. Foi então que começou a comer para esquecer. "A comida era uma fuga para mim", disse ele. "Era como ir para um mundo diferente, onde eu sentia conforto."

Sua vida acontecia na cama e se reduziu a quase nada: comer, cochilar, comer, cochilar. Ele precisava de cuidados 24 horas por dia; para trocar os lençóis, seus acompanhantes tinham que levantá-lo da cama com uma máquina especial. Quando ele foi para o hospital, foi levado numa empilhadeira.

Depois que sua mãe morreu, Mason procurou terapia pela primeira vez. Suas emoções vieram à tona. (Ele agora está escrevendo um livro.) Isso foi o estopim de tudo o que aconteceu depois: a operação, a perda de peso extrema, e o desejo de nunca mais voltar àquela época e a ser aquela pessoa.

Agora ele come moderadamente, e às vezes esquece de comer, até que Mountain o lembra. Ele é um bom cozinheiro, e desde que mudou, a própria dieta de Mountain melhorou consideravelmente. Ela parou de pedir pizza e começou a esperar ansiosamente as refeições caseiras de seu noivo.


"Eu não diria que meu corpo é um templo", disse Mason. "Mas a comida agora é um meio para um fim." Ele continuou: "você se ergue daquele poço de escapismo que o cercava – eu não sei que palavra eu usaria, mas era como o crack, na verdade – e daí você agarra a vida."