A moeda
nacional é o real, mas o dólar norte-americano tem muita influência no custo de
vida dos brasileiros. Não à toa, a forte valorização da divisa dos Estados
Unidos está tirando o sono dos consumidores. Quando convertido em dólar, o
salário mínimo de R$ 788 caiu quase US$ 50 desde o início do ano. Em janeiro, o
piso salarial era de US$ 297.
Agora, está
em US$ 250. Ontem, o dólar comercial fechou em baixa, a R$ 3,145. A queda foi
de 2,63%. Ainda assim, não representa grande alívio para aqueles que sobrevivem
com o salário mínimo. “Você percebeu como os preços dos alimentos subiram muito?
Eu parei de comprar carne na mesma quantidade de antes.
Troquei pelo
ovo. Queria fazer o reboco de minha casa, mas não dá porque o dinheiro está em
falta”, desabafa Lílian Araújo de Oliveira, que ficou desempregada há poucos
meses e recebe R$ 788 em cada uma das parcelas do seguro-desemprego. Ela não
poupa críticas à inflação impulsionada pelo dólar e por outros custos no país.
Como não consegue fugir da carestia, ela está fazendo um curso para aprender a
cuidar de idosos e tentar ampliar sua renda.
Ivanete
Vieira dos Santos, de 52 anos, ganha um salário mínimo para faxinar uma loja no
Centro de Belo Horizonte.
Mãe de dois adolescentes, de 12 e 17 anos, ela
lamenta a disparada dos preços das mercadorias e serviços: “A conta de luz
subiu, a da água também... A carne ficou mais cara, o supermercado também. Tá
tudo difícil”, reforçou a mulher, cujo sonho de consumo atual é trocar o antigo
sofá de sua casa, na Vila Ideal, em Ibirité, na região metropolitana, por um
conjunto que ela namora há semanas numa megastore da Rua Curitiba. A
“defasagem” dos quase R$ 50 (ou cerca de R$ 150) poderia ser, na visão dela, a
prestação do móvel que tanto deseja. “A vida não está fácil, principalmente
para quem recebe salário mínimo”, reclama Ivanete.
PESO NO
BOLSO O desabafo dela encontra fundamento em indicadores divulgados pelo
próprio governo, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15),
considerado a prévia da inflação oficial do país. O indicador fechou o acumulado
dos últimos 12 meses, encerrado em março, com avanço de 7,9%, superando muito o
centro da meta da inflação estipulado pelo governo para 2015 (4,5%) e
distanciando-se do teto da meta (6,5%) para o mesmo exercício.
O sócio da
DXI Planejamento Financeiro, o economista Felipe Chad destaca que “a alta do
dólar pressiona – e muito – a inflação”. Para ele, este será um ano muito
difícil para os consumidores, principalmente para as famílias que vivem com
apenas um salário mínimo.
O tombo de
quase US$ 50 em pouco mais que dois meses foi maior do que o ocorrido no espaço
de um ano. Em janeiro do ano passado, o rendimento da maioria dos brasileiros
estava cotado a US$ 306 e, um ano antes, atingiu US$ 334.