Uma pesquisa do Comitê Científico Independente para Drogas da
Grã-Bretanha, classificou numa escala de 0 a 100, o nível de periculosidade das
drogas mais comuns. O estudo levou em consideração os danos para o usuário como
mortes causadas direta ou indiretamente pelas drogas, além de dependência e
perda de relacionamentos. Os danos para os demais incluem criminalidade, dano
ambiental, conflitos familiares, danos internacionais, custos econômicos e
prejuízos à coesão comunitária. Confira as dez mais perigosas:
1. Álcool: 72 pontos de 100
2. Heroína: 55
3. Crack: 54
4. Metanfetaminas: 33
5. Cocaína: 27
6. Tabaco: 26
7. Anfetaminas: 23
8. Maconha: 20
9. Benzodiazepínicos: 15
10. Ketamina:15
Ação e efeitos do álcool
Dr. Ronaldo Laranjeira é médico, coordenador da Unidade de Pesquisa em
Álcool e Drogas na Escola Paulista de Medicina na Universidade Federal de São
Paulo e com PhD em dependência química na Inglaterra.
Quando se fala em dependência química, a preocupação maior é com as
drogas ilícitas, cocaína, maconha, crack, ecstasy, entre tantas outras. No
entanto, o grande inimigo está camuflado sob o manto do socialmente aceitável.
O álcool nem sequer é considerado uma droga que causa dependência física e
psicológica por grande parte da sociedade. Sua venda é livre e ele integra a
cultura atual ligada ao lazer e à sociabilidade. Uma reunião em casa de amigos,
o happy hour depois de um dia estafante, a balada de sábado à noite, a
paradinha no bar na saída do escritório não têm sentido sem a bebida alcoólica.
O efeito relaxante das doses iniciais, porém, desaparece com o aumento
do consumo. Se o convívio com uma pessoa embriagada incomoda, isso não é nada
diante dos males que o álcool pode causar e que não se restringem às doenças do
fígado. A labilidade emocional que num instante transforma o alcoolista risonho
num indivíduo violento é responsável não só pelo aumento da criminalidade, mas
também pela desestruturação de muitas famílias.
Beber com moderação é possível, mas raros são os que reconhecem estar
fazendo uso abusivo e nocivo do álcool. Muitos ainda não são dependentes, mas
incorrem em riscos que deveriam e poderiam ser evitados. Não se pode esquecer
de que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando está no volante
uma pessoa alcoolizada.
METABOLISMO DO ÁLCOOL
Drauzio – Ninguém injeta álcool na veia. A partir do momento em que a
bebida cai no estômago, qual é o trajeto do álcool no organismo?
Ronaldo Laramjeira – O álcool é absorvido rapidamente pelo estômago e
duodeno e, em instantes, cai na circulação sanguínea. Na primeira passagem pelo
fígado, começa a ser parcialmente metabolizado, ou seja, o organismo procura
formas para livrar-se dele, destruindo suas moléculas e expelindo pequena
porcentagem delas pela urina, suor, hálito, etc. O que sobra desse metabolismo
inicial vai exercer sua ação em todo o organismo, pois são necessárias várias
passagens pelo fígado para que ele seja destruído completamente.
É no fígado, portanto, que a estrutura química do álcool é alterada e
ele é decomposto em gás carbônico e água.
Drauzio – Quer dizer que a capacidade de o fígado destruir o álcool é
limitada?
Ronaldo Laranjeira – É limitada, mas constante. Leva mais ou menos uma
hora para o fígado metabolizar um copo de vinho e não há nada que se possa
fazer para acelerar esse processo. Então, se a pessoa tomou dez copos de vinho,
vai ficar com álcool no sangue por pelo menos dez horas. As pessoas perguntam
se glicose ou café forte, por exemplo, ajudam a eliminar o álcool mais
depressa. Isso não acontece sob hipótese alguma.
Drauzio – O fígado tem a capacidade de metabolizar um copo de vinho
por hora. Um copo de vinho equivale a uma latinha de cerveja ou a uma dose de
destilado…
Ronaldo Laranjeira – Equivale a uma dose bem pequena, 50ml de
destilado. É o que cabe naqueles medidores convencionais usados em bares ou em
uma xícara pequena de café. Esse é o tamanho da dose da qual o organismo
consegue livrar-se em uma hora.
Se alguém bebeu demais e está inconveniente, a tendência das pessoas
ao redor é colocá-lo debaixo do chuveiro e enchê-lo de café forte. No entanto,
o máximo que conseguem com tais medidas é ter um bêbado desperto, porque ele
continuará alcoolizado. No caso de intoxicação alcoólica, o melhor é deixar a
pessoa dormir o tempo necessário para livrar-se do álcool que bebeu em excesso.
Ter conhecimento dessas características do metabolismo do álcool é
muito importante para estabelecer um parâmetro em relação ao beber e dirigir.
Quem bebeu um copo de chope ou de vinho deve esperar pelo menos uma hora para
poder dirigir um automóvel com mais segurança.
Drauzio – É uma pena, mas ninguém respeita essa limitação.
Ronaldo Laranjeira – Ninguém faz isso e todos pagamos alto preço por
esse descaso. O número de mortes de jovens relacionadas ao beber e dirigir é
muito grande. Os dados são assustadores. Cerca de 50 mil brasileiros morrem por
ano nesse tipo de acidente, mais ou menos o mesmo número de soldados mortos na
Guerra do Vietnam. Essas informações devem ser enfatizadas até se integrarem no
dia a dia das pessoas para que elas se conscientizem e se programem
corretamente. Se vão a um restaurante ou a um bar e bebem dois ou três copos de
vinho ou de cerveja, precisam saber que o melhor é esperar o efeito do álcool
desaparecer antes de pegar o carro outra vez ou, então, deixar que outra pessoa
dirija em seu lugar.
Drauzio – Você disse que metabolizamos um copo de vinho por hora e
que, se tomarmos dez copos de vinho, somente em dez horas o fígado se livrará
de todo o álcool ingerido. Ele consegue eliminar o álcool ingerido
completamente?
Ronaldo Laranjeira – Em geral, consegue. No entanto, se o fígado for
continuamente estimulado por longos períodos de exposição ao álcool, nem sempre
dará conta de eliminá-lo por completo sem ser lesado. Dentro do processo de
entrar álcool e sair CO2, existe a formação de uma substância intermediária, o
acetaldeído, que é muito mais tóxica e lesiva para o fígado e para o organismo
como um todo do que o próprio álcool.
Drauzio – Você disse que o álcool é absorvido pelas paredes do
estômago, cai na circulação e na primeira passagem pelo fígado é parcialmente
destruído. Para onde vai o que sobra desse metabolismo inicial?
Ronaldo Laranjeira – Na realidade, o álcool é uma droga que age do fio
de cabelo até o dedão do pé, mas a ação farmacológica inicial mais
identificável é o efeito cerebral caracterizado por certo torpor e sensação de
relaxamento. Em doses baixas, o efeito pode ser até agradável. No entanto, se
as doses forem aumentadas agudamente, além do efeito relaxante ocorre torpor
mais intenso e até coma alcoólico, que é raro, mas não improvável.
EFEITO DO ÁLCOOL NOS CIRCUITOS
CEREBRAIS
Drauzio –O rapaz chega na festa um pouco ansioso, não conhece as
pessoas, toma o primeiro copo de vinho ou de um destilado qualquer, fica um
pouco mais relaxado, começa a conversar e se integra socialmente com mais
facilidade. O que aconteceu em seu cérebro que justifica essa mudança?
Ronaldo Laranjeira – O álcool age em vários sistemas químicos
cerebrais. Sua primeira ação é sobre a química do controle da ansiedade, o
sistema GABA. A pessoa fica mais relaxada, tende a filtrar os estímulos e por
isso interage melhor com os outros. Se ela chegou à festa muito ansiosa, com
medo de ser criticada ou de estabelecer relações, uma pequena dose de álcool
irá relaxá-la um pouco e a tornará menos perceptiva em relação aos outros e
mais em contato consigo mesma.
O álcool é uma substância complexa com ação farmacológica muito
variada. A partir do momento em que o consumo aumenta, ele pode agir não só no
sistema de relaxamento, mas em outros sistemas do cérebro. Dependendo da
quantidade ingerida e da química cerebral de cada pessoa em particular, o
relaxamento inicial pode dar lugar à sonolência ou a muita agressividade.
Drauzio – O bêbado é sempre muito emotivo.
Ronaldo Laranjeira – Fica muito emotivo e chora com facilidade. Essas
diferenças de ação do álcool variam muito de pessoa para pessoa de acordo com a
química cerebral de cada uma.
Drauzio – Os estágios são sempre os mesmos? Primeiro o álcool age
sobre a química que produz relaxamento e depois caminha por outros circuitos
cerebrais?
Ronaldo Laranjeira – Nem todo o mundo reage da mesma forma. A maioria
responde a baixas doses de álcool com relaxamento leve e agradável. Uma
minoria, porém, mesmo com baixas doses, fica muito violenta. Meio copo de
cerveja pode desencadear reações totalmente descontroladas. É o que se chama de
intoxicação patológica.
FORMAS DE BEBER
Drauzio – A forma de beber pode produzir resultados diferentes? Por
exemplo, beber mais depressa ou mais devagar determina alguma diferença em
termos de efeito do álcool no organismo?
Ronaldo Laranjeira – Vários fatores podem facilitar ou não a absorção
do álcool. Obviamente se a pessoa beber de estômago vazio, a absorção será
muito maior. Por isso, muitos costumam tomar uma colher de azeite ou comer uma
barra de chocolate antes do primeiro trago. Esses truques funcionam porque a
gordura ou o alimento dificultam a absorção do álcool pelas paredes do
estômago.
Drauzio – Quer dizer que “forrar o estômago” antes de beber funciona?
Ronaldo Laranjeira – Funciona. Se a pessoa quiser beber, é sempre
melhor que o faça depois de uma refeição, porque não só a absorção do álcool
será menor como será menor sua vontade de beber. No entanto, o costume é fazer
exatamente o contrário: as pessoas bebem de estômago vazio. O aperitivo sempre
vem antes do almoço ou do jantar. No caso da caipirinha tomada antes do almoço,
por exemplo, somam-se os seguintes inconvenientes: estômago vazio, bebida
destilada e com açúcar. Pinga é um destilado e destilados são absorvidos mais
depressa do que bebidas fermentadas como cerveja e vinho, e o açúcar acelera
ainda mais o processo de absorção. Por isso, o efeito do champanhe doce é mais
rápido do que o do vinho seco.
Drauzio – Mesmo tendo a mesma quantidade de álcool o efeito é
diferente se a bebida for doce?
Ronaldo Laranjeira – Champanhe e os outros vinhos têm mais ou menos a
mesma concentração alcoólica, 12%, mas o champanhe é absorvido mais depressa
também por causa do gás carbônico que lhe empresta a característica
efervescente.
Beber depressa, com o estômago vazio e bebidas destiladas, doces ou
gaseificadas (com bolhinhas) são fatores que facilitam a absorção do álcool. E
tem mais: mulheres absorvem álcool mais depressa do que os homens. Como possuem
maior conteúdo de gordura, a concentração de água no organismo é menor e a de
álcool tende a ser maior. Desse modo, nelas o efeito é mais rápido e os danos
provocados nos diversos órgãos, mais intensos do que nos homens, mesmo que
ambos tenham peso corporal idêntico e ingiram quantidade semelhante de álcool.
Drauzio – Você disse que tomar uma colher de óleo ou comer alguma
coisa antes de beber reduz a velocidade de absorção do álcool. Tem gente que
toma água junto com a bebida. Isso faz alguma diferença?
Ronaldo Laranjeira – Faz diferença, uma vez que ajuda a diluir a concentração
de álcool. No uísque, por exemplo, a concentração é de 40%. Isso que dizer que
40% do volume de uma dose de uísque é álcool puro. Se a pessoa colocar gelo ou
água na bebida ou intermediar goles de uísque com goles de água, estará de
alguma forma diluindo o volume alcoólico ingerido.
Drauzio – E estará também bebendo mais devagar.
Ronaldo Laranjeira – Exatamente. Intermediar goles de bebida com goles
de algum outro líquido, por exemplo, água ou refrigerante, é uma das
estratégias recomendadas para as pessoas que vão beber destilados. Faz
diferença beber a mesma dose de destilado de uma só vez e bebê-la ao longo de
uma hora intercalando goles d’água, porque a absorção se torna mais lenta.
PADRÃO DE CONSUMO
Drauzio – Acho que quem bebe, bebe sempre por prazer, mas há pessoas
que bebem quantidades menores e devagar saboreando a bebida, enquanto outras
viram o copo de uma só vez, mais interessadas no efeito do álcool no organismo.
Essas têm mais tendência a desenvolver alcoolismo?
Ronaldo Laranjeira – Sem dúvida. O alcoolismo está fundamentalmente
associado à ação farmacológica do álcool no cérebro. Quanto mais rápida for
essa ação, maior a possibilidade de o efeito poderoso e reforçador do álcool
desenvolver uma série de mudanças químicas no cérebro que produzirão a
dependência.
Isso vale para todas as drogas. Quanto mais rápida a absorção, maior o
potencial de gerar dependência. Veja o exemplo do crack e da cocaína. O crack
nada mais é do que pedras de cocaína fumadas num cachimbo. Como a fumaça em
segundos atinge o cérebro, o crack causa muito mais dependência do que a
cocaína consumida por via nasal.
A mesma coisa acontece com o álcool. Se a pessoa beber um destilado de
uma só vez, a absorção é rápida assim como é rápido o efeito, e o potencial
desse padrão de consumo gerar dependência é muitas vezes maior do que o dos
degustadores de vinho, que fazem do beber sua profissão, já que experimentam o
vinho, analisam sua complexidade e jogam fora o álcool para evitar intoxicação.
Por isso, o padrão de consumo de uma substância, às vezes, é mais importante do
que a própria substância para provocar dependência.
Drauzio – Por que em geral os alcoólicos preferem destilados a
qualquer outro tipo de bebida?
Ronaldo Laranjeira – À medida que a pessoa vai ficando dependente,
desenvolve a necessidade de obter o efeito mais rápido e poderoso do álcool.
Quanto mais valoriza o efeito farmacológico do álcool, mais se aproxima do
espectro da dependência. Saborear um vinho vira coisa sem significado, porque a
bebida deixa de ser uma das inúmeras fontes de prazer e se torna uma
necessidade.
Drauzio – Qual a diferença fundamental entre o padrão de consumo do
bebedor ocasional e o padrão daquele com risco de desenvolver alcoolismo?
Ronaldo Laranjeira – O bebedor ocasional de alguma forma limita muito
bem as situações em que vai beber. É a pessoa que bebe durante o jantar num
dia, mas passa outros em tranquila abstinência. Além disso, tem um repertório
amplo e diversificado de atividades que lhe proporciona prazer. Ela corre, lê,
vê televisão, vai ao cinema, faz esporte, etc.
Nas pessoas que tendem a desenvolver dependência, esse repertório de
prazer vai-se restringindo progressivamente até que o álcool (ou qualquer outra
droga) se transforma em sua principal fonte de prazer. São pessoas, por
exemplo, que não conseguem imaginar uma festa sem álcool. Na realidade, a festa
deveria representar a oportunidade de encontrar amigos, usufruir ambiente
agradável e o álcool ser apenas um detalhe a mais dentro desse contexto, mas
para elas é o único prazer. Elas podem até deixar de ir à festa para ficar
bebendo com um grupo de companheiros e não concebem um final de semana sem
estarem chapadas. Torna-se predominante esse tipo de padrão de consumo que
busca o prazer poderoso e fácil que a substância produz, e perde a importância
o prazer de usar o álcool dentro de certo ritual contemporâneo socialmente
aceito.
Essa grande diferença começa a provocar um empobrecimento na vida das
pessoas que acabam desconsiderando todas as fontes ricas de prazer do dia a dia
e apenas valorizam o efeito obtido por meio de uma substância química, no caso,
o álcool.
Drauzio - É desagradável conversar com uma pessoa alcoolizada.
Articula mal as palavras e o pensamento fica comprometido. O que acontece com a
estrutura do raciocínio nessas pessoas?
Ronaldo Laranjeira – O efeito paradoxal do álcool no cérebro é a falsa
sensação de certa euforia e bem-estar que ele produz. A tendência é a pessoa
imaginar que está falando coisas muito interessantes, perseverar na repetição
das ideias e rir do que não tem graça. Seu pensamento fica empobrecido, mas ela
não se dá conta disso.
É muito ruim o convívio de quem não bebeu com alguém que esteja
alcoolizado. O processo mental de pensar, sentir, raciocinar, planejar fica
marcantemente alterado sob o efeito do álcool. Alcoolizadas as pessoas não
elaboram emoções nem pensamentos complexos, porque desenvolvem certa rigidez de
pensamento. Por isso, pessoas intoxicadas alegres e felizes podem tornar-se
violentas num instante se algo estranho ou diferente acontecer, uma vez que
perderam a agilidade e a flexibilidade do pensamento. Isso explica um pouco o
número significativo de mortes que ocorre em bares da periferia de São Paulo.
Os homens estão bebendo aparentemente em paz, mas basta que alguém fale mal do
time do coração de um deles para que este saque o revólver e dispare um tiro. É
uma situação de violência provocada pelo conceito cultural de lazer ligado aos
bares e pela ação farmacológica do álcool que engessa muitos processos mentais.
ÁLCOOL E MEMÓRIA
Drauzio – Quais os efeitos do álcool sobre a memória?
Ronaldo Laranjeira – Os danos que o álcool produz a médio e longo
prazo no organismo são os mais importantes. As pessoas em geral se preocupam
com o efeito do álcool no fígado, mas o dano que ele provoca no cérebro,
especificamente na memória, é muito mais grave e mais comum. Exames
neuropsicológicos que avaliam a memória e outras funções cerebrais em pessoas
não necessariamente dependentes de álcool, mas que tomam três doses de uísque
por dia, comprovam a existência de danos sutis na memória e na rigidez do
pensamento, que elas não percebem ou atribuem ao processo natural do
envelhecimento. A evolução pode ser lenta, mas o uso nocivo do álcool dentro
desse padrão médio de consumo já acarretou com certeza distúrbios cerebrais.
Drauzio – Na intoxicação aguda, isso é muito nítido. Muitas vezes, a
pessoa não se lembra do caminho que fez para chegar em casa, nem de nada que
fez enquanto estava embriagada.
Ronaldo Laranjeira – Esse fenômeno se chama black-out ou apagamento.
Parece que o álcool inunda algumas áreas do cérebro e produz esse efeito. Esse
é um momento bastante perigoso na vida dessas pessoas, porque ocorreu um dano
cerebral agudo que as expõe a grandes riscos. Dirigir automóvel intoxicada
dessa forma, por exemplo, aumenta enormemente a probabilidade de acidentes
graves, porque os reflexos são toscos e as reações lentificadas.
ABSORÇÃO DO ÁLCOOL NOS DOIS SEXOS
Drauzio – Um trabalho americano mostrou que, se uma mulher tomar uma
cerveja, o efeito será igual ao do homem que tomou duas cervejas. Essa
proporção está correta?
Ronaldo Laranjeira – É mais ou menos isso. O efeito de uma cerveja no
corpo de uma mulher equivale ao efeito de duas cervejas tomadas por um homem de
mesmo peso corpóreo que ela.
Drauzio – É uma diferença muito grande. Imagine uma mulher miudinha e
um homem grandalhão bebendo a mesma quantidade de álcool. Nela o estrago será
muito maior.
Ronaldo Laranjeira – É verdade. Por isso, mesmo que o tempo de
ingestão e a quantidade ingerida sejam parecidos, nas mulheres que procuram
tratamento por causa de problemas com o uso do álcool, os danos biológicos são
muito maiores do que nos homens. Esse é um fator importante a considerar. A socialização
da mulher que hoje transita por bares e festas com mais naturalidade colocou-a
em contato com a bebida à semelhança do que ocorreu com a população masculina.
Resultado: número significativo de moças está se expondo mais aos danos
biológicos do álcool.
HEOÍNA - EFEITOS – DEPENDÊNCIA E TRATAMENTO
A heroína é uma droga opióide derivada da morfina, que é por sua vez
obtida a partir da planta da papoula do ópio (Papaver somniferum).
As técnicas variam, mas a maioria dos produtores usam as vagens ou a
canas da planta com flor para extrair um pó castanho-claro, contendo morfina
concentrada.
As papoulas de ópio e seus derivados - incluindo os analgésicos
codeína e láudano, o supressor de tosse noscapina, assim como a morfina - são
conhecidos desde sempre na história humana. Cemitérios neolíticos em Espanha
mostram evidências do seu uso.
A primeira referência registada do ópio vem de 3400 AC, quando a
papoula do ópio foi cultivada na Mesopotâmia. Os antigos sumérios referiam-se à
papoula como gil hul (planta da alegria), e, textos grego, minóicos e
sânscritos dos antigos egípcios documentam o uso de medicamentos derivados da
papoula. [Referência a droga encontrada em parede de Escola do Antigo Egipto]
No início de 1800, as Guerras do Ópio tiveram origem quando os
comerciantes britânicos tentaram corrigir um desequilíbrio comercial com a
China, inundando o país asiático com ópio barato, o que resultou em vício
generalizado.
As autoridades chinesas tentaram deter o comércio de ópio, mas a
invasão das tropas britânicas forçou a China a aceitar políticas de comércio
aberto - incluindo a importação de ópio - com as potências europeias.
A planta papoula cresce em climas suaves ao redor do mundo: o
Afeganistão produz o maior número de papoulas de ópio, mas a planta também é
cultivada no México, Colômbia, Turquia, Paquistão, Índia, Birmânia, Tailândia,
Austrália e China.
Uma descoberta acidental
A morfina foi extraída a partir de resina de ópio pela primeira vez em
1803, mas rapidamente ganhou popularidade entre os médicos como analgésico, e
foi amplamente utilizada na guerra civil americana e em outros conflitos.
Em 1898, durante a utilização de morfina para sintetizar codeína - um
opiáceo menos potente e menos viciante do que a morfina - o químico Felix
Hoffman combinou morfina com anidrido acético, tendo acidentalmente criado a
heroína (diacetilmorfina), que é várias vezes mais potente que a morfina.
A empresa de Hoffman, que eventualmente cresceu para se tornar a
gigante farmacêutica Bayer, comercializou a droga como "Heroin" com
base nas suas supostas qualidades heróicas. A empresa promoveu o seu novo
produto como um analgésico mais seguro do que a morfina, até que se descobriu
que a heroína metaboliza-se rapidamente em morfina no corpo.
Os Estados Unidos e a maioria dos outros países eventualmente baniram
a heroína, que agora está listada como um narcótico, o que significa que é
considerada como não tendo nenhum benefício médico e um elevado potencial para
o abuso.
Como funciona a heroína
A heroína está disponível em várias formas diferentes - as mais comuns
são um pó que varia na cor de marrom para branco, e resina pegajosa e densa
conhecido como "black tar". Conhecido por nomes de ruas, incluindo
"cavalo" e "beijo", a heroína é frequentemente misturada
com substâncias como leite em pó, açúcar, amido, quinino ou outras impurezas.
Em forma de pó, a heroína pode ser inalada ou fumada, sendo que os
usuários também podem inseri-la no ânus ou vagina. Muitos, no entanto, preferem
injectar uma forma líquida da substância, após ser combinada com água e um
ácido (como sumo de limão). Este método tem resultados mais rápidos e intenso
para quem consome.
Como outros analgésicos à base de opióides, a heroína liga-se a
receptores de opióides no cérebro e medula espinhal. Isto resulta numa intensa
euforia - especialmente quando a droga é injetada - e na ausência de dor e
ansiedade, seguido por uma sensação de aquecimento e sonolência associada a
bem-estar típico de analgésicos opióides. Os efeitos podem durar várias horas,
dependendo da força da dose.
Os efeitos colaterais da heroína
Além de prejudicar o funcionamento mental, a heroína muitas vezes leva
à dependência física entre os usuários. A droga também causa contração das
pupilas, náuseas, constipação, espasmos musculares, e diminuição do pulso
cardíaco e da taxa de respiração.
Em doses elevadas, a heroína pode resultar em convulsões e numa
pulsação perigosamente baixa. O efeito depressivo da droga sobre a respiração
pode causar uma respiração lenta e superficial que pode, no caso de overdose,
parar completamente - a cessação da respiração é uma das principais causas de
morte entre os usuários de heroína.
A injeção de heroína - em particular com agulhas partilhadas - também
tem sido associada com a propagação de patógenos transmitidos pelo sangue, como
a hepatite e o HIV/AIDS. Além disso, a heroína pode ser misturados com
impurezas tóxicas, incluindo o fentanil, outro analgésico opiáceo que podem
aumentar ainda mais a potência da heroína.
O tratamento do consumo de
heroína
A heroína tem vindo a aumentar em popularidade nos últimos anos. O
tratamento para o vício em heroína muitas vezes inclui aconselhamento
comportamental e terapias médicas, incluindo o uso regulamentado de metadona ou
buprenorfina.
Ambos são também opiáceos sintéticos que têm diferentes graus de
sucesso no tratamento de vícios opióides. A retirada do uso de heroína pode ser
um processo difícil e demorado - os sintomas de abstinência podem incluir dor
extrema, insónia, náuseas, vómitos e diarreia.
EFEITOS DO CRAK (é uma
droga devastadora)
Levam-se apenas 10 segundos para ela fazer efeito, gerando euforia e
excitação, respiração e batimentos cardíacos acelerados, seguidos de depressão,
delírio e “fissura” por novas doses. “Crack” refere-se à forma não salgada da
cocaína isolada numa solução de água, depois de um tratamento de sal dissolvido
em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos e secos têm algumas
impurezas e também contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham: “crack”
como diz o nome.
Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também
mais cruel e mortífero do que ela. Possui poder avassalador para desestruturar
a personalidade, agindo num prazo muito curto e criando enorme dependência
psicológica. Assim como a cocaína, o crack não causa dependência física, o
corpo não sinaliza a carência da droga.
As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas
como um estalo, um relâmpago, o “tuim” na linguagem dos usuários. Na segunda
vez, elas já não aparecem. Logo, os neurônios são lesados e o coração entra em
descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia
cerebral, fissura, alucinações, delírios, convulsão, infarto agudo e morte.
O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal,
tosse insistente e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.
Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração,
palidez e nervosismo atormentam o “craqueiro”. Outros sinais importantes são
euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas,
aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos
lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo,
no qual a pedra é fumada.
O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês
sobreviventes apresentam cérebro menor e choram de dor quando tocados ou
expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e têm
imensa dificuldade de aprendizado.
O caminho da droga no organismo
Do cachimbo ao cérebro
1.
O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa
pelos alvéolos pulmonares;
2.
Via alvéolos, o crack cai na circulação e atinge
o cérebro;
3. No Sistema Nervoso Central (SNC), a droga age diretamente sobre os
neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo
a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso, as
atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão
arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame
cerebral;
4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação
sanguínea;
5. No fígado, ele é
metabolizado;
6. A droga é eliminada pela
urina.
Ação no Sistema Nervoso
Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em
neurotransmissores, como a dopamina
(1), e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação,
a substância é recapturada
(2). Nos usuários de crack, esse mecanismo encontra-se alterado. A
droga
(3) subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas
fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de
dopamina na fenda
(4), superestimulando os receptores musculares – daí a sensação de
euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os
receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que
existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as
sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais.
O crack nasceu nos guetos pobres das metrópoles, levando crianças de
rua ao vício fácil e à morte rápida. Agora, chega à classe média, aumentando
seu rastro de destruição.
OS EFEITOS MORTAIS DA
METANFETAMINA
O impacto
dos efeitos a curto e longo prazo no indivíduo
Quando
tomadas, a metanfetamina e o cristal devastador criam uma falsa sensação de
bem–estar e energia, e por isso a pessoa irá ter a tendência de impulsionar o
seu corpo mais rápido e adiante do que é suposto ir. Dessa forma, os
consumidores de drogas experimentam uma “queda” severa ou esgotamento físico e
mental depois dos efeitos das drogas passarem.
Com o
consumo contínuo da droga diminui as sensações de fome, os consumidores podem
experimentar extrema perda de peso. Os efeitos negativos também podem incluir:
padrões de sono alterados; hiperatividade; náuseas; delusões de poder; aumento
de agressividade e irritabilidade.
Outros
efeitos preocupantes podem incluir: insónia, confusão, alucinações, ansiedade e
paranoia.1 Nalguns casos, isso pode causar convulsões que
podem levar à morte.
Danos a Longo Prazo
A longo
prazo, o uso de metanfetaminas pode causar danos irreversíveis. Aumento do
batimento cardíaco e tensão arterial, lesão dos vasos sanguíneos cerebrais que
podem causar derrames vasculares cerebrais ou batimento cardíaco irregular que
podem, por sua vez, causar colapso cardiovascular2 ou morte; e lesões no fígado, rins e pulmões.
Os
consumidores poderão sofrer danos cerebrais, incluindo perda de memória e
incapacidade crescente de compreender pensamentos abstratos. Aqueles que se
recuperam estão geralmente sujeitos a lapsos de memória e a extremas mudanças
de humor.
EFEITOS A CURTO PRAZO
- Perda de apetite
- Aumento do batimento cardíaco, pressão sanguínea, temperatura corporal
- Dilatação das pupilas
- Padrões de sono perturbados
- Náusea
- Comportamento bizarro, instável, por vezes violento
- Alucinações, hiperexcitabilidade, irritabilidade
- Pânico e psicose
- Doses excessivas podem conduzir a convulsões, derrames vasculares cerebrais e morte
EFEITOS A LONGO PRAZO
- Danos irreversíveis dos vasos sanguíneos coronários e cerebrais, tensão arterial elevada, conduzindo a ataques cardíacos, derrames vasculares cerebrais e morte
- Danos no fígado, rins e pulmões
- Destruição dos tecidos nasais se inalada
- Problemas respiratórios se fumada
- Doenças infecciosas e abcessos se injetada
- Má–nutrição, perda de peso
- Decadência dentária severa
- Desorientação, apatia, confusão exaustiva
- Forte dependência psicológica
- Psicose
- Depressão
- Danos ao cérebro similares à doença de Alzheimer, derrames vasculares cerebrais e epilepsia
- paranoia: suspeita, desconfiança ou medo de outras pessoas.
- cardiovascular: relativo ao coração ou vasos sanguíneos
- doença de Alzheimer: uma doença que afeta algumas pessoas idosas e que é acompanhada por perda de memória.
Cocaína - Tolerância e
efeitos no organismo
Tolerância e Dependência:
Com o uso abusivo da cocaína não foi evidenciado tolerância, embora haja
tendência para aumentar as doses. Pode haver indução à dependência psíquica
profunda, com deterioração pessoal, ocupacional e até surtos de psicose tóxica.
Não está demonstrado que ocorra dependência física, não havendo
evidências de síndrome de abstinência, embora, na ausência da substância, o dependente
apresente crise de natureza psíquica, com procura compulsiva da droga,
irritabilidade, agressividade, confusão mental, depressão, lassidão, sono
profundo e hiperfagia.
Efeitos Gerais sobre o Organismo:
A cocaína ocasiona febre devido ao aumento da produção de calor, por ação
sobre o SNC (sistema nervoso central) e por diminuição da perda deste, devido a
vasoconstrição periférica.
No uso por inalação pode levar à perfuração do septo nasal e no uso
endovenoso facilita o aparecimento de infecções locais e transmissão de
enfermidades como septicemias, malária, endocardite bacteriana, hepatite B e
AIDS.
Efeitos sobre o SNC:
Os efeitos imediatos da administração de cocaína manifestam-se de maneira
geral, por um estado de euforia, bem estar, desinibição, loquacidade,
resistência ao trabalho, perda de apetite, liberação erótica e insônia.
Efeitos sobre o Comportamento:
Com o uso repetido da substância, outros efeitos imediatos vão surgindo:
agressividade, perda gradual do autocontrole, diminuição crescente da força de
vontade, desinteresse ao trabalho, verdadeira obstinação para conseguir por
todos os meios o pó, do qual não consegue mais renunciar. Há descontrole e o
que interessa é saber onde e como obter a droga, sem preocupação com as consequências que possam advir, com envolvimento pessoal ou da família, devido
às relações com traficantes.
Nada mais interessa ao dependente: relações familiares, trabalho,
alimentação ou vestuário, sua obsessão é conseguir a droga. Começa a sentir
“coisas esquisitas”, alucinações táteis, como se fossem insetos andando sobre
seu corpo, posteriormente alucinações visuais, auditivas e gustativas: é a
psicose cocaínica.
Efeitos Tóxicos:
A intoxicação aguda pela cocaína, conhecida por “overdose”, é
caracterizada por palpitações, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsão,
colapso cardiovascular, parada respiratória e morte.
Morte súbita causada por “overdose” acontece também quando a cocaína é
contrabandeada dentro do corpo do contrabandista.
Tabaco - Efeitos
EFEITOS NO ORGANISMO
A absorção da nicotina pelo pulmão é rápida, quase como se fosse
administrada na veia, chegando ao cérebro em 8 segundos após a inalação.
A probabilidade de apresentar-se qualquer doença ligada ao cigarro
aumenta com o número de cigarros fumados por dia ou maços por ano. A diferença
de efeitos produzidos entre fumantes de cigarro, cachimbo, charutos está
provavelmente relacionada ao hábito de tragar, que é menor no cachimbo e
charuto; entretanto, nestes últimos é maior o índice de absorção pela mucosa
bucal e nasofaríngea, havendo aumento de doenças provenientes nestas áreas.
A. SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Os fumantes relatam que o cigarro os desperta quando estão sonolentos e
os acalma quando estão tensos, o que é confirmado pelo registros do
eletroencefalograma.
A nicotina estimula o SNC. Doses apropriadas causam tremores; entretanto,
doses elevadas podem levar a convulsões. A forte estimulação do SNC é seguida
de depressão respiratória e, em alguns casos, da morte.
A nicotina induz ao vômito por ação central e periférica. A origem
central da resposta do vômito é a estimulação do centro do gatilho do vômito.
B- APARELHO CARDIOVASCULAR
A ação deste sistema é exercida especialmente pela nicotina e o monóxido
de carbono. A primeira possui efeito constritor em alguns vasos, quando
estimula a liberação de substâncias chamadas catecolaminas, que, por sua vez,
aumentam a freqüência cardíaca e a pressão arterial. Já o monóxido de carbono
forma a carboxihemoglobina, resultando em deficiência na oxigenação dos
tecidos. Em média os fumantes têm cerca de l0% de sua hemoglobina inutilizada,
sendo que esta percentagem aumenta para 30% em casos de fumantes que consomem
mais de um maço de cigarro por dia. Vale ainda mencionar que o nível de 60% de
hemoglobina inutilizada é letal.
A vida média da carboxihemoglobina é de 4 horas. Caso o indivíduo deixe
de fumar por 24 horas, o nível de carboxihemoglobina aproximar-se-á de zero.
Assim, 24 horas sem fumar correspondem a uma transfusão de cerca de um litro de
sangue.
A aceleração do ritmo cardíaco, a elevação da pressào arterial, e a
hipóxia continuada obrigam o coração do fumante a exercer maior trabalho, em
piores condições. O fumo também aumenta o colesterol total, contribuindo para o
desenvolvimento da arterosclerose. Nos EUA o cigarro é a principal causa de
doenças coronarianas. Aproximadamente 20% das 500.000 mortes por doenças do
coração ocorridas a cada ano são atribuídas ao cigarro. O cigarro ainda é uma
importante causa de doenças vasculocerebrais, respondendo por cerca de l8% das
l50.000 mortes por derrames cerebrais a cada ano.
C. APARELHO RESPIRATÓRIO
O fumo atua negativamente sobre as 2 funções do pulmão: ventilação
pulmonar e troca alvéolo-capilar.
A fumaça do cigarro causa broncoconstrição e esse efeito dura em média
uma hora; em asmáticos, tal efeito é ainda maior. Além disso, a irritação da
mucosa estimula a produção de muco; o fumo também imobiliza os cílios,
diminuindo a sua função defensora, uma vez que há a intoxicação por meio de
substânias como a acroleína. Estes efeitos aumentam o risco de infecção – o que
explica a grande incidência de casos de bronquite em fumantes. Finalmente, o fumo
predispõe à enfisema pulmonar, o que é irreversível.
No Brasil estima-se que 125.000 pessoas morram por ano devido ao fumo. No
mundo inteiro, esta estimativa aumenta para 3,5 milhões de pessoas – oito vezes
mais que as mortes causadas pelo álcool.
O tabagismo é o fator isolado mais importante para a originação do câncer
de pulmão (90% do casos).
As substâncias contidas e liberadas pela queima do cigarro, provocam
inflamação continuada da parede brônquica, perda dos cílios, hipertrofia das
glândulas, fibrose e estreitamento da luz dos brônquios. Estes processos
caracterizam a bronquite crônica. A dilatação dos alvéolos, acompanhada da
ruptura dos septos, proporciona a instalação do enfisema pulmonar, bem como
dificuldade de expiração do ar, o que virá a acarretar, por sua vez, doença
pulmonar obstrutiva, entre outros efeitos.
O fumo contém dezenas de elementos cancerígenos, como os benzopirenos do
alcatrão, destruindo as células protetoras contra o câncer. O fumo também
contém elementos radioativos que se concentram na bifurcação dos brônquios.
Quem fuma 30 cigarros por dia, por exemplo, recebe uma irradiação equivalente a
8.000 REM/ano, ou o equivalente a 300 radiografias. Também há a predisposição à
tuberculose e outras infecções pulmonares.
D. GRAVIDEZ
Muitas alterações podem ser observadas durante a gestação em que ocorre o
uso de tabaco. As substâncias tóxicas passam para a circulação da mãe e, por
meio da placenta, atingem o feto, causando:
Aumento da viscosidade sanguínea;
Vasoconstrição;
Anoxia quase que continuada;
Aumento da freqüência cardíaca;
Dificuldade de movimentos respiratórios;
"Morte súbita de berço";
Aborto espontâneo e mortalidade perinatal;
Diminuição do crescimento fetal;
Má formação congênita;
Dificuldade no aprendizado de leitura, matemática e habilidades em geral
desde a infância até a adolescência;
Perturbações neurológicas e
psicológicas.
E. NA LACTAÇÃO
Cada cigarro contem 0,5 mg. a 1 mg. de nicotina. Dez cigarros por dia
representam dose tóxica de nicotina para os recém nascidos.
A nicotina está contida no leite das fumantes, podendo causar taquicardia
no bebê, de acordo com a dose experimentada pelas mães.
F. OUTRAS ALTERAÇÕES
Disposição ao câncer de: laringe (há a probabilidade deste tipo de câncer
manifestar-se sete vezes mais que o comum), cavidade oral, esôfago; bem como
para o câncer de: bexiga , rim e pâncreas;
Disposição à gastrite aguda e a úlceras pépticas;
Aumento considerável do risco de cardiopatias, quando associadas ao uso
de anticoncepcionais;
Irregularidade no ciclo menstrual;
Redução da expectativa de vida para os fumantes: entre 35 e 65 anos
morrem 40% dos fumantes, contra 15% de não fumantes.
G. RISCOS DO FUMANTE PASSIVO
Estudos descrevem a maior incidência de casos de doenças respiratórias e
anormalidade na função pulmonar em crianças menores de dois anos cujas mães são
fumantes. Além disso, fortes indícios sugerem que mulheres não fumantes,
casadas, por sua vez, com fumantes, têm cerca de 30% de chance a mais de
desenvolver câncer de pulmão. Pessoas expostas à fumaça do cigarro são
consideradas, portanto, fumantes passivos (não importando se a exposição se dá
em ambientes fechados ou abertos), as quais sofrem efeitos imediatos como:
irritação nos olhos, nariz e garganta; e, a longo prazo, doenças comuns aos
fumantes.
A absorção passiva de 90% dos constituintes do cigarro, incluindo
substâncias gasosas e partículas sólidas, em decorrência do ar enfumaçado,
comprova-se em exames de urina – na qual se verifica a presença de nicotina em
doses elevadas. Este quadro torna-se ainda mais drástico se considerarmos que
bebês e crianças também sofrem da exposição à fumaça do cigarro.
H. RISCOS E PERDAS AMBIENTAIS
O cigarro aumenta a probabilidade de haver incêndios, tanto domésticos
quanto de trabalho, além de devastar inúmeras áreas próximas a rodovias,
sacrificando grande número de espécies vegetais e animais, bem como
prejudicando o solo e o ar atmosférico. Em muitos ambientes de trabalho, a
exemplo, os danos por queima têm aumentado: faz-se necessária, assim, a
substituição de mobiliários , carpetes , cortinas, como de filtros do sistema
de ventilação.
Anfetaminas
O que são anfetaminas
As anfetaminas, e substâncias relacionadas como meta-anfetaminas, são um
grupo de drogas que agem elevando os níveis de serotonina, noradrenalina e
dopamina no cérebro. Anfetaminas estão presentes em remédios sob prescrição
médica para tratar desordem de déficit de atenção e desordem de déficit de atenção
com hiperatividade em adultos e crianças. Anfetaminas também são usadas para
tratar lesão traumática no cérebro, sonolência diurna, narcolepsia e síndrome
de fadiga crônica. Inicialmente, as anfetaminas eram populares como inibidores
de apetite usadas para emagrecer. Entretanto, hoje em dia, seu uso para
emagrecimento não é recomendado devido à dependência e efeitos colaterais. Além
do uso médico controlado, as anfetaminas são utilizadas ilegalmente como droga
estimulante e doping.
Anfetaminas para desordem de
déficit de atenção com hiperatividade
As anfetaminas fazem parte do tratamento para desordem de déficit de
atenção com hiperatividade. Os efeitos benéficos das anfetaminas para desordem
de déficit de atenção com hiperatividade incluem controle da impulsividade,
melhora da concentração, diminuição da super-estimulação sensorial, da
irritabilidade e da ansiedade. Esses efeitos são fortes na elevação da
produtividade de adultos e crianças. O remédio Adderall é composto por quatro sais
de anfetaminas diferentes.
Outras indicações das anfetaminas
As anfetaminas também fazem parte do tratamento para narcolepsia, assim
como outras desordens do sono. Se utilizada dentro dos limites terapêuticos, as
anfetaminas são geralmente eficientes durante longos períodos de tempo sem
produzir vício ou dependência física. Anfetaminas são algumas vezes suadas para
potencializar a terapia anti-depressão em pacientes resistentes ao tratamento.
O uso de anfetaminas para emagrecer é considerado em muitos países como sendo
obsoleto e perigoso.
Contra-indicações das anfetaminas
Estimulantes, como as anfetaminas, elevam o gasto cardíaco (volume de
sangue bombeado pelo coração) e pressão sanguínea, o que os torna perigosos
para pacientes com histórico de doença cardíaca o hipertensão. Pacientes com
histórico de dependência de drogas ou anorexia também não devem ser tratados
com anfetaminas, devido às suas propriedades de dependência e supressão de
apetite. Anfetaminas podem causar complicações em pacientes tomando
antidepressivos inibidores da monoamina oxidase. Anfetaminas também não são
indicadas para pacientes com histórico de glaucoma. Uma vez que anfetaminas
podem passar através da amamentação, mulheres que estão tomando medicamentos
com anfetaminas são alertadas para não amamentar seu bebê durante o tratamento.
Efeitos colaterais físicos das
anfetaminas
Os efeitos físicos das anfetaminas podem incluir: redução de apetite,
sensações aumentadas ou distorcidas, hiperatividade, pupilas dilatadas, rubor,
agitação, boca seca, disfunção erétil, dor de cabeça, taquicardia, batimento
cardíaco elevado, aumento da pressão sanguínea, febre, suor, diarréia,
constipação, visão turva, fala prejudicada, tontura, movimentos incontrolados,
tremor, insônia, palpitações e arritmia. Em altas doses, ou uso crônico, pode
ocorrer: convulsão, pele seca, acne e palidez. O abuso de anfetaminas também
pode aumentar o risco de ataque cardíaco.
Efeitos colaterais psicológicos das
anfetaminas
Os efeitos psicológicos das anfetaminas incluem: ansiedade, nervosismo,
euforia, percepção de energia elevada, comportamento repetitivo,
excitabilidade, sensação de poder ou superioridade. Ocasionalmente há psicose
por anfetaminas, geralmente com doses altas ou uso crônico.
Efeitos da interrupção do uso de
anfetaminas
Quando anfetaminas são usadas indevidamente sem supervisão médica, a sua
interrupção pode causar efeitos de abstinência, que podem incluir: ansiedade,
depressão, agitação, fadiga, sono excessivo, apetite aumentado, psicose e
pensamentos suicidas.
Doping com anfetaminas
Anfetaminas também são usadas indevidamente como doping de atletas devido
ao seu efeito estimulante. Os níveis de energia são percebidos com
dramaticamente aumentados e sustentados, o que dá a impressão de permitir
esforço físico mais vigoroso e longo. Entretanto, pelo menos um estudo
descobriu que esse efeito não é mensurável. O uso de anfetaminas durante
atividade física extenuante pode ser extremamente perigoso, especialmente
quando combinado com álcool.
Maconha
A maconha é uma planta herbácea considerada uma droga ilícita, que pode
trazer alguns efeitos negativos e que pode causar dependência.
A planta
Planta herbácea de clima quente e úmido, originária da Índia, a maconha
(Cannabis sativa) pertence à família Moraceae e pode atingir até 5 metros de
altura. Possui folhas digitadas e flores pequenas, amarelas e sem perfume. É
uma planta dioica que apresenta talos com flores femininas e talos com flores
masculinas. O fato de a planta possuir talos com flores diferentes influencia
na colheita, pois as flores masculinas endurecem mais rápido, morrendo após a
floração, enquanto que as inflorescências femininas permanecem com uma cor
verde-escura até um mês após a floração, quando as sementes amadurecem. Quando
não ocorre fecundação das flores femininas, elas excretam grandes quantidades
de resina pegajosa composta por dezenas de substâncias diferentes. O fruto da
maconha é amarelo-esverdeado, pequeno, ovalado e contém uma substância ácida
que serve de alimento para algumas espécies de aves.
Os primeiros relatos dessa erva no Brasil datam do século XVIII quando
era usada para a produção de fibras chamadas de cânhamos. Tais fibras eram
obtidas por meio de vários processos, incluindo desfolhamento, secagem, esmagamento
e agitação que separam as fibras da madeira. Essas fibras fortes e duráveis
foram usadas como velas de navios por séculos e até hoje são utilizadas em
cordas, cabos, esponjas, tecidos e fios. As sementes com muitas proteínas e
carboidratos são utilizadas na alimentação de pássaros domésticos, e em cereais
e granolas. Do óleo extraído das sementes fazem-se tintas, vernizes, sabões e
óleo comestível.
Substâncias da maconha
A planta da maconha contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60
se classificam na categoria dos canabinoides, de acordo com o Instituto
Nacional de Saúde. O tetra-hidrocarbinol (THC) é um desses canabinoides e é a
substância mais associada aos efeitos que a maconha produz no cérebro. A
concentração de THC na planta depende de alguns fatores, como solo, clima,
estação do ano, época da colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso,
condições de plantio, genética da planta, processamento após a colheita, etc.,
por isso os efeitos podem variar bastante de uma planta para outra.
Marijuana, hashish, charas, ghanja, bhang, kef, orla e dagga são algumas
das maneiras que a cannabis pode ser consumida, mas a forma mais comum é
através do fumo.
Ao inalar a fumaça da maconha, o THC vai diretamente para os pulmões que
são revestidos pelos alvéolos, responsáveis pelas trocas gasosas. Por possuírem
uma superfície grande, os alvéolos absorvem facilmente o THC e as outras
substâncias. Minutos depois de inalado, o THC cai na corrente sanguínea,
chegando até o cérebro.
Em nosso cérebro existem alguns receptores canabinoides que se concentram
em lugares diferentes, como no hipocampo, cerebelo e gânglios basais. Esses
receptores possuem efeitos em algumas atividades mentais e físicas como memória
de curto prazo, coordenação, aprendizado e soluções de problemas.
Os receptores canabinoides são ativados pela anandamida, substância
endógena neurotransmissora que é comparada ao THC, o princípio ativo da
maconha. O THC, também pertencente ao grupo dos canabinoides, copia as ações da
anandamida se ligando aos receptores canabinoides e ativando os neurônios,
influenciando de forma adversa o cérebro. A interação do THC com o cérebro pode
causar sentimentos relaxantes, como sensação de leveza, sendo que outros
sentidos também podem se alterar.
Efeitos em curto e longo prazo
Depois de consumir a cannabis, a pessoa pode apresentar alguns efeitos
físicos, como memória prejudicada, confusão entre passado, presente e futuro,
sentidos aguçados, mas com pouco equilíbrio e força muscular, perda da
coordenação, aumento dos batimentos cardíacos, percepção distorcida, ansiedade,
olhos avermelhados por causa da dilatação dos vasos sanguíneos oculares, boca
seca e dificuldade com pensamentos e solução de problemas.
As pessoas que fumam maconha também estão suscetíveis aos mesmos
problemas das pessoas que fumam tabaco, como asma, enfisema pulmonar, bronquite
e câncer.
Dependência
Afinal, a maconha causa ou não
dependência?
Muitos estudos estão sendo feitos a respeito desse assunto, mas ainda não
se sabe ao certo se a maconha causa ou não a dependência. Por causa da
dificuldade de se quantificar a maconha que atinge a corrente sanguínea, não há
doses formais de THC que causam dependência. Acredita-se que a dependência
aumenta conforme o período do uso.
Estudos mostram que alguns usuários que fazem uso da maconha diariamente
não desenvolvem o vício, enquanto outros podem desenvolver uma síndrome de uso
compulsivo semelhante à dependência de outras drogas.
Não é possível ainda determinar a natureza dos sintomas de abstinência da
maconha.
De acordo com a Agência Americana de Combate às Drogas, o consumo
prolongado de maconha pode causar danos aos pulmões e ao sistema reprodutivo.
Usos medicinais
Nos séculos passados, a maconha era usada, na China, como anestésico,
analgésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. A erva foi citada na
primeira farmacopeia (livro que reunia fórmulas e receitas de medicamentos)
conhecida no mundo, cerca de 2 mil anos atrás, recomendando o seu uso para
prisão de ventre, malária, reumatismo e dores menstruais. No século XIX, alguns
povos começaram a utilizá-la no tratamento da gonorreia e angina.
Atualmente, muitos acreditam que os efeitos negativos da maconha superam
os seus efeitos positivos, mas muitos efeitos nocivos da maconha permanecem
inconclusivos. Por essa razão, algumas pessoas pedem para que ela seja
legalizada a fim de ser utilizada como medicamento no tratamento de algumas
doenças, como câncer e AIDS (combate as náuseas e estimula o apetite), glaucoma
(alivia a pressão ocular), epilepsia (evita as convulsões) e esclerose múltipla
(diminui espasmos musculares).
Em alguns estados norte-americanos, o uso medicinal da maconha já foi
legalizado.
Benzodiazepínicos
Definição
Existem
medicamentos que têm a propriedade de atuar quase exclusivamente sobre
a ansiedade
e a tensão. Essas drogas já foram chamadas de tranqüilizantes, por
tranqüilizar
a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar
esses tipos
de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que “destroem” a
ansiedade.
De fato, esse é o principal efeito terapêutico desses medicamentos: diminuir ou
abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia as funções psíquicase
motoras.
Antigamente,
o principal agente ansiolítico era uma droga chamada meprobamato,
que
praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de um importante
grupo de
substâncias: os benzodiazepínicos. De fato, esses medicamentos
estão entre
os mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Para se ter idéia,
atualmente
existem mais de cem remédios em nosso país à base desses benzodiazepínicos.
Estes têm
nomes químicos que terminam geralmente pelo sufixo pam.
Assim, é
relativamente fácil a pessoa, quando toma um remédio para acalmar-se,
saber o que
realmente está tomando: tendo na fórmula uma palavra terminada em
pam, é um
benzodiazepínico. Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam,
flurazepam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam etc.
Uma das
exceções é a substância chamada clordizepóxido, que também é um
benzodiazepínico.
Por outro
lado, essas substâncias são comercializadas pelos laboratórios
farmacêuticos
com diferentes nomes “fantasia”, existindo assim dezenas de
remédios
com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Calmociteno®, Dienpax®,
Psicosedin®,
Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®, Lorax®, Urbanil®, Somalium®
etc., são apenas alguns dos nomes.
Efeitos no cérebro
Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos do
cérebro
que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando,
devido
às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do
cérebro
funcionam exageradamente, resultando em estado de ansiedade, os
benzodiazepínicos
exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam
TRANQÜILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS
Benzodiazepínicos
hiperfuncionantes, e a pessoa fica mais tranqüila, como que desligada do
meio
ambiente e dos estímulos externos.
Como conseqüência dessa ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da
atividade
do nosso cérebro que se caracteriza por:
1. diminuição de ansiedade;
2. indução de sono;
3. relaxamento muscular;
4. redução do estado de alerta.
É importante notar que esses efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos
são
grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura do álcool com essas
drogas pode
levar ao estado de coma. Além desses efeitos principais, os ansiolíticos
dificultam os
processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante
prejudicial
para aqueles que habitualmente se utilizam dessas drogas.
Finalmente, é importante ainda lembrar que essas substâncias também
prejudicam
em parte as funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir
automóveis,
aumentando a probabilidade de acidentes.
Efeitos sobre outras partes do
corpo
Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir,
pois têm
predileção quase exclusiva pelo cérebro. Dessa maneira, nas doses
terapêuticas não
produzem efeitos dignos de nota sobre os outros órgãos.
Efeitos tóxicos
Do ponto de vista orgânico ou físico, os benzodiazepínicos são drogas
bastante
seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que
as habituais)
para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia muscular
(“mole”), grande dificuldade para ficar em pé e andar, baixa pressão
sangüínea e
suscetilidade a desmaios. Mas, mesmo assim, a pessoa dificilmente chega a
entrar
em coma e morrer. Entretanto, a situação muda muito de figura se o
indivíduo,
além de ter tomado o benzodiazepínico, também ingeriu bebida alcoólica.
Nesses
casos, a intoxicação torna-se séria, pois há grande diminuição da
atividade cerebral,
podendo levar ao estado de coma.
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso
dessas
substâncias por mulheres grávidas. Suspeita-se que essas drogas tenham um
poder
teratogênico razoável, isto é, podem produzir lesões ou defeitos físicos
na criança
por nascer.
Aspectos gerais
Os benzodiazepínicos, quando usados durante alguns meses seguidos, podem
levar
as pessoas a um estado de dependência. Como conseqüência, sem a droga o
dependente
passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor
pelo
corpo todo, podendo, em casos extremos, apresentar convulsões. Se a dose
tomada
já é grande desde o início, a dependência ocorre mais rapidamente ainda.
Há também
desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito acentuada, isto
é, a
pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose para obter o efeito
inicial.
Situação no Brasil
Como já foi relatado, existem muitas dezenas de remédios no Brasil à base
de ansiolíticos
benzodiazepínicos. Até recentemente, era comum os médicos, chamados de
obesologistas (que tratam das pessoas obesas em busca de tratamento para
emagrecer),
colocarem nas receitas esses benzodiazepínicos para atenuar o nervosismo
produzido
pelas drogas que tiram o apetite (ver Capítulo “Anfetaminas”).
Atualmente,
a legislação não permite essa mistura.
Além disso, há um verdadeiro abuso por parte dos laboratórios nas
indicações
desses medicamentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas
consideradas
normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana. Assim, certas
propagandas
mostram uma mulher com um largo sorriso, feliz, pois tomou certo remédio
que corrigiu a ansiedade gerada pelos três bilhetes recebidos: um do
marido,
avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que
chegará com
o time de basquete para um lanche; e o terceiro da empregada, avisando
que faltou
ao trabalho porque foi ao SUS. Ainda existem exemplos de indicação dos
benzodiazepínicos
para as moças sorrirem mais (pois a tensão evita o riso), ou para evitar
as
rugas, que envelhecem (uma vez que a ansiedade faz as pessoas franzirem a
testa,
criando rugas). Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento
sobre o
uso não-médico de drogas psicotrópicas por estudantes em dez capitais
brasileiras,
em 1997, os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência
geral, sendo
esse uso muito mais intenso entre meninas do que entre meninos.
Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a
farmácia
pode vendê-los somente mediante receita especial do médico, que deve ser
retida
para posterior controle, o que nem sempre acontece.