RB informática

RB informática

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Drogas mais perigosas do mundo


Uma pesquisa do Comitê Científico Independente para Drogas da Grã-Bretanha, classificou numa escala de 0 a 100, o nível de periculosidade das drogas mais comuns. O estudo levou em consideração os danos para o usuário como mortes causadas direta ou indiretamente pelas drogas, além de dependência e perda de relacionamentos. Os danos para os demais incluem criminalidade, dano ambiental, conflitos familiares, danos internacionais, custos econômicos e prejuízos à coesão comunitária. Confira as dez mais perigosas:


1.      Álcool: 72 pontos de 100

2.      Heroína: 55

3.      Crack: 54

4.      Metanfetaminas: 33

5.      Cocaína: 27

6.      Tabaco: 26

7.      Anfetaminas: 23

8.      Maconha: 20

9.      Benzodiazepínicos: 15

10.  Ketamina:15

Ação e efeitos do álcool

Dr. Ronaldo Laranjeira é médico, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Escola Paulista de Medicina na Universidade Federal de São Paulo e com PhD em dependência química na Inglaterra.

Quando se fala em dependência química, a preocupação maior é com as drogas ilícitas, cocaína, maconha, crack, ecstasy, entre tantas outras. No entanto, o grande inimigo está camuflado sob o manto do socialmente aceitável. O álcool nem sequer é considerado uma droga que causa dependência física e psicológica por grande parte da sociedade. Sua venda é livre e ele integra a cultura atual ligada ao lazer e à sociabilidade. Uma reunião em casa de amigos, o happy hour depois de um dia estafante, a balada de sábado à noite, a paradinha no bar na saída do escritório não têm sentido sem a bebida alcoólica.
O efeito relaxante das doses iniciais, porém, desaparece com o aumento do consumo. Se o convívio com uma pessoa embriagada incomoda, isso não é nada diante dos males que o álcool pode causar e que não se restringem às doenças do fígado. A labilidade emocional que num instante transforma o alcoolista risonho num indivíduo violento é responsável não só pelo aumento da criminalidade, mas também pela desestruturação de muitas famílias.

Beber com moderação é possível, mas raros são os que reconhecem estar fazendo uso abusivo e nocivo do álcool. Muitos ainda não são dependentes, mas incorrem em riscos que deveriam e poderiam ser evitados. Não se pode esquecer de que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando está no volante uma pessoa alcoolizada.

METABOLISMO DO ÁLCOOL

Drauzio – Ninguém injeta álcool na veia. A partir do momento em que a bebida cai no estômago, qual é o trajeto do álcool no organismo?

Ronaldo Laramjeira – O álcool é absorvido rapidamente pelo estômago e duodeno e, em instantes, cai na circulação sanguínea. Na primeira passagem pelo fígado, começa a ser parcialmente metabolizado, ou seja, o organismo procura formas para livrar-se dele, destruindo suas moléculas e expelindo pequena porcentagem delas pela urina, suor, hálito, etc. O que sobra desse metabolismo inicial vai exercer sua ação em todo o organismo, pois são necessárias várias passagens pelo fígado para que ele seja destruído completamente.

É no fígado, portanto, que a estrutura química do álcool é alterada e ele é decomposto em gás carbônico e água.

Drauzio – Quer dizer que a capacidade de o fígado destruir o álcool é limitada?

Ronaldo Laranjeira – É limitada, mas constante. Leva mais ou menos uma hora para o fígado metabolizar um copo de vinho e não há nada que se possa fazer para acelerar esse processo. Então, se a pessoa tomou dez copos de vinho, vai ficar com álcool no sangue por pelo menos dez horas. As pessoas perguntam se glicose ou café forte, por exemplo, ajudam a eliminar o álcool mais depressa. Isso não acontece sob hipótese alguma.

Drauzio – O fígado tem a capacidade de metabolizar um copo de vinho por hora. Um copo de vinho equivale a uma latinha de cerveja ou a uma dose de destilado…

Ronaldo Laranjeira – Equivale a uma dose bem pequena, 50ml de destilado. É o que cabe naqueles medidores convencionais usados em bares ou em uma xícara pequena de café. Esse é o tamanho da dose da qual o organismo consegue livrar-se em uma hora.

Se alguém bebeu demais e está inconveniente, a tendência das pessoas ao redor é colocá-lo debaixo do chuveiro e enchê-lo de café forte. No entanto, o máximo que conseguem com tais medidas é ter um bêbado desperto, porque ele continuará alcoolizado. No caso de intoxicação alcoólica, o melhor é deixar a pessoa dormir o tempo necessário para livrar-se do álcool que bebeu em excesso.

Ter conhecimento dessas características do metabolismo do álcool é muito importante para estabelecer um parâmetro em relação ao beber e dirigir. Quem bebeu um copo de chope ou de vinho deve esperar pelo menos uma hora para poder dirigir um automóvel com mais segurança.

Drauzio – É uma pena, mas ninguém respeita essa limitação.

Ronaldo Laranjeira – Ninguém faz isso e todos pagamos alto preço por esse descaso. O número de mortes de jovens relacionadas ao beber e dirigir é muito grande. Os dados são assustadores. Cerca de 50 mil brasileiros morrem por ano nesse tipo de acidente, mais ou menos o mesmo número de soldados mortos na Guerra do Vietnam. Essas informações devem ser enfatizadas até se integrarem no dia a dia das pessoas para que elas se conscientizem e se programem corretamente. Se vão a um restaurante ou a um bar e bebem dois ou três copos de vinho ou de cerveja, precisam saber que o melhor é esperar o efeito do álcool desaparecer antes de pegar o carro outra vez ou, então, deixar que outra pessoa dirija em seu lugar.

Drauzio – Você disse que metabolizamos um copo de vinho por hora e que, se tomarmos dez copos de vinho, somente em dez horas o fígado se livrará de todo o álcool ingerido. Ele consegue eliminar o álcool ingerido completamente?

Ronaldo Laranjeira – Em geral, consegue. No entanto, se o fígado for continuamente estimulado por longos períodos de exposição ao álcool, nem sempre dará conta de eliminá-lo por completo sem ser lesado. Dentro do processo de entrar álcool e sair CO2, existe a formação de uma substância intermediária, o acetaldeído, que é muito mais tóxica e lesiva para o fígado e para o organismo como um todo do que o próprio álcool.

Drauzio – Você disse que o álcool é absorvido pelas paredes do estômago, cai na circulação e na primeira passagem pelo fígado é parcialmente destruído. Para onde vai o que sobra desse metabolismo inicial?

Ronaldo Laranjeira – Na realidade, o álcool é uma droga que age do fio de cabelo até o dedão do pé, mas a ação farmacológica inicial mais identificável é o efeito cerebral caracterizado por certo torpor e sensação de relaxamento. Em doses baixas, o efeito pode ser até agradável. No entanto, se as doses forem aumentadas agudamente, além do efeito relaxante ocorre torpor mais intenso e até coma alcoólico, que é raro, mas não improvável.

EFEITO DO ÁLCOOL NOS CIRCUITOS CEREBRAIS

Drauzio –O rapaz chega na festa um pouco ansioso, não conhece as pessoas, toma o primeiro copo de vinho ou de um destilado qualquer, fica um pouco mais relaxado, começa a conversar e se integra socialmente com mais facilidade. O que aconteceu em seu cérebro que justifica essa mudança?

Ronaldo Laranjeira – O álcool age em vários sistemas químicos cerebrais. Sua primeira ação é sobre a química do controle da ansiedade, o sistema GABA. A pessoa fica mais relaxada, tende a filtrar os estímulos e por isso interage melhor com os outros. Se ela chegou à festa muito ansiosa, com medo de ser criticada ou de estabelecer relações, uma pequena dose de álcool irá relaxá-la um pouco e a tornará menos perceptiva em relação aos outros e mais em contato consigo mesma.

O álcool é uma substância complexa com ação farmacológica muito variada. A partir do momento em que o consumo aumenta, ele pode agir não só no sistema de relaxamento, mas em outros sistemas do cérebro. Dependendo da quantidade ingerida e da química cerebral de cada pessoa em particular, o relaxamento inicial pode dar lugar à sonolência ou a muita agressividade.

Drauzio – O bêbado é sempre muito emotivo.

Ronaldo Laranjeira – Fica muito emotivo e chora com facilidade. Essas diferenças de ação do álcool variam muito de pessoa para pessoa de acordo com a química cerebral de cada uma.

Drauzio – Os estágios são sempre os mesmos? Primeiro o álcool age sobre a química que produz relaxamento e depois caminha por outros circuitos cerebrais?

Ronaldo Laranjeira – Nem todo o mundo reage da mesma forma. A maioria responde a baixas doses de álcool com relaxamento leve e agradável. Uma minoria, porém, mesmo com baixas doses, fica muito violenta. Meio copo de cerveja pode desencadear reações totalmente descontroladas. É o que se chama de intoxicação patológica.

FORMAS DE BEBER

Drauzio – A forma de beber pode produzir resultados diferentes? Por exemplo, beber mais depressa ou mais devagar determina alguma diferença em termos de efeito do álcool no organismo?

Ronaldo Laranjeira – Vários fatores podem facilitar ou não a absorção do álcool. Obviamente se a pessoa beber de estômago vazio, a absorção será muito maior. Por isso, muitos costumam tomar uma colher de azeite ou comer uma barra de chocolate antes do primeiro trago. Esses truques funcionam porque a gordura ou o alimento dificultam a absorção do álcool pelas paredes do estômago.

Drauzio – Quer dizer que “forrar o estômago” antes de beber funciona?

Ronaldo Laranjeira – Funciona. Se a pessoa quiser beber, é sempre melhor que o faça depois de uma refeição, porque não só a absorção do álcool será menor como será menor sua vontade de beber. No entanto, o costume é fazer exatamente o contrário: as pessoas bebem de estômago vazio. O aperitivo sempre vem antes do almoço ou do jantar. No caso da caipirinha tomada antes do almoço, por exemplo, somam-se os seguintes inconvenientes: estômago vazio, bebida destilada e com açúcar. Pinga é um destilado e destilados são absorvidos mais depressa do que bebidas fermentadas como cerveja e vinho, e o açúcar acelera ainda mais o processo de absorção. Por isso, o efeito do champanhe doce é mais rápido do que o do vinho seco.

Drauzio – Mesmo tendo a mesma quantidade de álcool o efeito é diferente se a bebida for doce?

Ronaldo Laranjeira – Champanhe e os outros vinhos têm mais ou menos a mesma concentração alcoólica, 12%, mas o champanhe é absorvido mais depressa também por causa do gás carbônico que lhe empresta a característica efervescente.

Beber depressa, com o estômago vazio e bebidas destiladas, doces ou gaseificadas (com bolhinhas) são fatores que facilitam a absorção do álcool. E tem mais: mulheres absorvem álcool mais depressa do que os homens. Como possuem maior conteúdo de gordura, a concentração de água no organismo é menor e a de álcool tende a ser maior. Desse modo, nelas o efeito é mais rápido e os danos provocados nos diversos órgãos, mais intensos do que nos homens, mesmo que ambos tenham peso corporal idêntico e ingiram quantidade semelhante de álcool.

Drauzio – Você disse que tomar uma colher de óleo ou comer alguma coisa antes de beber reduz a velocidade de absorção do álcool. Tem gente que toma água junto com a bebida. Isso faz alguma diferença?

Ronaldo Laranjeira – Faz diferença, uma vez que ajuda a diluir a concentração de álcool. No uísque, por exemplo, a concentração é de 40%. Isso que dizer que 40% do volume de uma dose de uísque é álcool puro. Se a pessoa colocar gelo ou água na bebida ou intermediar goles de uísque com goles de água, estará de alguma forma diluindo o volume alcoólico ingerido.

Drauzio – E estará também bebendo mais devagar.

Ronaldo Laranjeira – Exatamente. Intermediar goles de bebida com goles de algum outro líquido, por exemplo, água ou refrigerante, é uma das estratégias recomendadas para as pessoas que vão beber destilados. Faz diferença beber a mesma dose de destilado de uma só vez e bebê-la ao longo de uma hora intercalando goles d’água, porque a absorção se torna mais lenta.

PADRÃO DE CONSUMO

Drauzio – Acho que quem bebe, bebe sempre por prazer, mas há pessoas que bebem quantidades menores e devagar saboreando a bebida, enquanto outras viram o copo de uma só vez, mais interessadas no efeito do álcool no organismo. Essas têm mais tendência a desenvolver alcoolismo?

Ronaldo Laranjeira – Sem dúvida. O alcoolismo está fundamentalmente associado à ação farmacológica do álcool no cérebro. Quanto mais rápida for essa ação, maior a possibilidade de o efeito poderoso e reforçador do álcool desenvolver uma série de mudanças químicas no cérebro que produzirão a dependência.

Isso vale para todas as drogas. Quanto mais rápida a absorção, maior o potencial de gerar dependência. Veja o exemplo do crack e da cocaína. O crack nada mais é do que pedras de cocaína fumadas num cachimbo. Como a fumaça em segundos atinge o cérebro, o crack causa muito mais dependência do que a cocaína consumida por via nasal.

A mesma coisa acontece com o álcool. Se a pessoa beber um destilado de uma só vez, a absorção é rápida assim como é rápido o efeito, e o potencial desse padrão de consumo gerar dependência é muitas vezes maior do que o dos degustadores de vinho, que fazem do beber sua profissão, já que experimentam o vinho, analisam sua complexidade e jogam fora o álcool para evitar intoxicação. Por isso, o padrão de consumo de uma substância, às vezes, é mais importante do que a própria substância para provocar dependência.

Drauzio – Por que em geral os alcoólicos preferem destilados a qualquer outro tipo de bebida?

Ronaldo Laranjeira – À medida que a pessoa vai ficando dependente, desenvolve a necessidade de obter o efeito mais rápido e poderoso do álcool. Quanto mais valoriza o efeito farmacológico do álcool, mais se aproxima do espectro da dependência. Saborear um vinho vira coisa sem significado, porque a bebida deixa de ser uma das inúmeras fontes de prazer e se torna uma necessidade.

Drauzio – Qual a diferença fundamental entre o padrão de consumo do bebedor ocasional e o padrão daquele com risco de desenvolver alcoolismo?

Ronaldo Laranjeira – O bebedor ocasional de alguma forma limita muito bem as situações em que vai beber. É a pessoa que bebe durante o jantar num dia, mas passa outros em tranquila abstinência. Além disso, tem um repertório amplo e diversificado de atividades que lhe proporciona prazer. Ela corre, lê, vê televisão, vai ao cinema, faz esporte, etc.

Nas pessoas que tendem a desenvolver dependência, esse repertório de prazer vai-se restringindo progressivamente até que o álcool (ou qualquer outra droga) se transforma em sua principal fonte de prazer. São pessoas, por exemplo, que não conseguem imaginar uma festa sem álcool. Na realidade, a festa deveria representar a oportunidade de encontrar amigos, usufruir ambiente agradável e o álcool ser apenas um detalhe a mais dentro desse contexto, mas para elas é o único prazer. Elas podem até deixar de ir à festa para ficar bebendo com um grupo de companheiros e não concebem um final de semana sem estarem chapadas. Torna-se predominante esse tipo de padrão de consumo que busca o prazer poderoso e fácil que a substância produz, e perde a importância o prazer de usar o álcool dentro de certo ritual contemporâneo socialmente aceito.

Essa grande diferença começa a provocar um empobrecimento na vida das pessoas que acabam desconsiderando todas as fontes ricas de prazer do dia a dia e apenas valorizam o efeito obtido por meio de uma substância química, no caso, o álcool.

Drauzio - É desagradável conversar com uma pessoa alcoolizada. Articula mal as palavras e o pensamento fica comprometido. O que acontece com a estrutura do raciocínio nessas pessoas?

Ronaldo Laranjeira – O efeito paradoxal do álcool no cérebro é a falsa sensação de certa euforia e bem-estar que ele produz. A tendência é a pessoa imaginar que está falando coisas muito interessantes, perseverar na repetição das ideias e rir do que não tem graça. Seu pensamento fica empobrecido, mas ela não se dá conta disso.

É muito ruim o convívio de quem não bebeu com alguém que esteja alcoolizado. O processo mental de pensar, sentir, raciocinar, planejar fica marcantemente alterado sob o efeito do álcool. Alcoolizadas as pessoas não elaboram emoções nem pensamentos complexos, porque desenvolvem certa rigidez de pensamento. Por isso, pessoas intoxicadas alegres e felizes podem tornar-se violentas num instante se algo estranho ou diferente acontecer, uma vez que perderam a agilidade e a flexibilidade do pensamento. Isso explica um pouco o número significativo de mortes que ocorre em bares da periferia de São Paulo. Os homens estão bebendo aparentemente em paz, mas basta que alguém fale mal do time do coração de um deles para que este saque o revólver e dispare um tiro. É uma situação de violência provocada pelo conceito cultural de lazer ligado aos bares e pela ação farmacológica do álcool que engessa muitos processos mentais.

ÁLCOOL E MEMÓRIA

Drauzio – Quais os efeitos do álcool sobre a memória?

Ronaldo Laranjeira – Os danos que o álcool produz a médio e longo prazo no organismo são os mais importantes. As pessoas em geral se preocupam com o efeito do álcool no fígado, mas o dano que ele provoca no cérebro, especificamente na memória, é muito mais grave e mais comum. Exames neuropsicológicos que avaliam a memória e outras funções cerebrais em pessoas não necessariamente dependentes de álcool, mas que tomam três doses de uísque por dia, comprovam a existência de danos sutis na memória e na rigidez do pensamento, que elas não percebem ou atribuem ao processo natural do envelhecimento. A evolução pode ser lenta, mas o uso nocivo do álcool dentro desse padrão médio de consumo já acarretou com certeza distúrbios cerebrais.

Drauzio – Na intoxicação aguda, isso é muito nítido. Muitas vezes, a pessoa não se lembra do caminho que fez para chegar em casa, nem de nada que fez enquanto estava embriagada.

Ronaldo Laranjeira – Esse fenômeno se chama black-out ou apagamento. Parece que o álcool inunda algumas áreas do cérebro e produz esse efeito. Esse é um momento bastante perigoso na vida dessas pessoas, porque ocorreu um dano cerebral agudo que as expõe a grandes riscos. Dirigir automóvel intoxicada dessa forma, por exemplo, aumenta enormemente a probabilidade de acidentes graves, porque os reflexos são toscos e as reações lentificadas.

ABSORÇÃO DO ÁLCOOL NOS DOIS SEXOS

Drauzio – Um trabalho americano mostrou que, se uma mulher tomar uma cerveja, o efeito será igual ao do homem que tomou duas cervejas. Essa proporção está correta?

Ronaldo Laranjeira – É mais ou menos isso. O efeito de uma cerveja no corpo de uma mulher equivale ao efeito de duas cervejas tomadas por um homem de mesmo peso corpóreo que ela.

Drauzio – É uma diferença muito grande. Imagine uma mulher miudinha e um homem grandalhão bebendo a mesma quantidade de álcool. Nela o estrago será muito maior.

Ronaldo Laranjeira – É verdade. Por isso, mesmo que o tempo de ingestão e a quantidade ingerida sejam parecidos, nas mulheres que procuram tratamento por causa de problemas com o uso do álcool, os danos biológicos são muito maiores do que nos homens. Esse é um fator importante a considerar. A socialização da mulher que hoje transita por bares e festas com mais naturalidade colocou-a em contato com a bebida à semelhança do que ocorreu com a população masculina. Resultado: número significativo de moças está se expondo mais aos danos biológicos do álcool.

HEOÍNA  - EFEITOS – DEPENDÊNCIA E TRATAMENTO

A heroína é uma droga opióide derivada da morfina, que é por sua vez obtida a partir da planta da papoula do ópio (Papaver somniferum).

As técnicas variam, mas a maioria dos produtores usam as vagens ou a canas da planta com flor para extrair um pó castanho-claro, contendo morfina concentrada.

As papoulas de ópio e seus derivados - incluindo os analgésicos codeína e láudano, o supressor de tosse noscapina, assim como a morfina - são conhecidos desde sempre na história humana. Cemitérios neolíticos em Espanha mostram evidências do seu uso.

A primeira referência registada do ópio vem de 3400 AC, quando a papoula do ópio foi cultivada na Mesopotâmia. Os antigos sumérios referiam-se à papoula como gil hul (planta da alegria), e, textos grego, minóicos e sânscritos dos antigos egípcios documentam o uso de medicamentos derivados da papoula. [Referência a droga encontrada em parede de Escola do Antigo Egipto]

No início de 1800, as Guerras do Ópio tiveram origem quando os comerciantes britânicos tentaram corrigir um desequilíbrio comercial com a China, inundando o país asiático com ópio barato, o que resultou em vício generalizado.

As autoridades chinesas tentaram deter o comércio de ópio, mas a invasão das tropas britânicas forçou a China a aceitar políticas de comércio aberto - incluindo a importação de ópio - com as potências europeias.

A planta papoula cresce em climas suaves ao redor do mundo: o Afeganistão produz o maior número de papoulas de ópio, mas a planta também é cultivada no México, Colômbia, Turquia, Paquistão, Índia, Birmânia, Tailândia, Austrália e China.

Uma descoberta acidental

A morfina foi extraída a partir de resina de ópio pela primeira vez em 1803, mas rapidamente ganhou popularidade entre os médicos como analgésico, e foi amplamente utilizada na guerra civil americana e em outros conflitos.

Em 1898, durante a utilização de morfina para sintetizar codeína - um opiáceo menos potente e menos viciante do que a morfina - o químico Felix Hoffman combinou morfina com anidrido acético, tendo acidentalmente criado a heroína (diacetilmorfina), que é várias vezes mais potente que a morfina.

A empresa de Hoffman, que eventualmente cresceu para se tornar a gigante farmacêutica Bayer, comercializou a droga como "Heroin" com base nas suas supostas qualidades heróicas. A empresa promoveu o seu novo produto como um analgésico mais seguro do que a morfina, até que se descobriu que a heroína metaboliza-se rapidamente em morfina no corpo.

Os Estados Unidos e a maioria dos outros países eventualmente baniram a heroína, que agora está listada como um narcótico, o que significa que é considerada como não tendo nenhum benefício médico e um elevado potencial para o abuso.

Como funciona a heroína

A heroína está disponível em várias formas diferentes - as mais comuns são um pó que varia na cor de marrom para branco, e resina pegajosa e densa conhecido como "black tar". Conhecido por nomes de ruas, incluindo "cavalo" e "beijo", a heroína é frequentemente misturada com substâncias como leite em pó, açúcar, amido, quinino ou outras impurezas.

Em forma de pó, a heroína pode ser inalada ou fumada, sendo que os usuários também podem inseri-la no ânus ou vagina. Muitos, no entanto, preferem injectar uma forma líquida da substância, após ser combinada com água e um ácido (como sumo de limão). Este método tem resultados mais rápidos e intenso para quem consome.

Como outros analgésicos à base de opióides, a heroína liga-se a receptores de opióides no cérebro e medula espinhal. Isto resulta numa intensa euforia - especialmente quando a droga é injetada - e na ausência de dor e ansiedade, seguido por uma sensação de aquecimento e sonolência associada a bem-estar típico de analgésicos opióides. Os efeitos podem durar várias horas, dependendo da força da dose.

Os efeitos colaterais da heroína

Além de prejudicar o funcionamento mental, a heroína muitas vezes leva à dependência física entre os usuários. A droga também causa contração das pupilas, náuseas, constipação, espasmos musculares, e diminuição do pulso cardíaco e da taxa de respiração.

Em doses elevadas, a heroína pode resultar em convulsões e numa pulsação perigosamente baixa. O efeito depressivo da droga sobre a respiração pode causar uma respiração lenta e superficial que pode, no caso de overdose, parar completamente - a cessação da respiração é uma das principais causas de morte entre os usuários de heroína.

A injeção de heroína - em particular com agulhas partilhadas - também tem sido associada com a propagação de patógenos transmitidos pelo sangue, como a hepatite e o HIV/AIDS. Além disso, a heroína pode ser misturados com impurezas tóxicas, incluindo o fentanil, outro analgésico opiáceo que podem aumentar ainda mais a potência da heroína.

O tratamento do consumo de heroína

A heroína tem vindo a aumentar em popularidade nos últimos anos. O tratamento para o vício em heroína muitas vezes inclui aconselhamento comportamental e terapias médicas, incluindo o uso regulamentado de metadona ou buprenorfina.

Ambos são também opiáceos sintéticos que têm diferentes graus de sucesso no tratamento de vícios opióides. A retirada do uso de heroína pode ser um processo difícil e demorado - os sintomas de abstinência podem incluir dor extrema, insónia, náuseas, vómitos e diarreia.

EFEITOS DO CRAK (é uma droga devastadora)

Levam-se apenas 10 segundos para ela fazer efeito, gerando euforia e excitação, respiração e batimentos cardíacos acelerados, seguidos de depressão, delírio e “fissura” por novas doses. “Crack” refere-se à forma não salgada da cocaína isolada numa solução de água, depois de um tratamento de sal dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos e secos têm algumas impurezas e também contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham: “crack” como diz o nome.

Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero do que ela. Possui poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo num prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica. Assim como a cocaína, o crack não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga.

As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas como um estalo, um relâmpago, o “tuim” na linguagem dos usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo, os neurônios são lesados e o coração entra em descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia cerebral, fissura, alucinações, delírios, convulsão, infarto agudo e morte.

O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.

Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo atormentam o “craqueiro”. Outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.

O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês sobreviventes apresentam cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e têm imensa dificuldade de aprendizado.

O caminho da droga no organismo

Do cachimbo ao cérebro

1.       O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares;

2.       Via alvéolos, o crack cai na circulação e atinge o cérebro;

3. No Sistema Nervoso Central (SNC), a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso, as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral;

4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea;

 5. No fígado, ele é metabolizado;

 6. A droga é eliminada pela urina.

Ação no Sistema Nervoso

Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores, como a dopamina
(1), e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação, a substância é recapturada

(2). Nos usuários de crack, esse mecanismo encontra-se alterado. A droga

(3) subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda

(4), superestimulando os receptores musculares – daí a sensação de euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais.

O crack nasceu nos guetos pobres das metrópoles, levando crianças de rua ao vício fácil e à morte rápida. Agora, chega à classe média, aumentando seu rastro de destruição.


OS EFEITOS MORTAIS DA METANFETAMINA

O impacto dos efeitos a curto e longo prazo no indivíduo

Quando tomadas, a metanfetamina e o cristal devastador criam uma falsa sensação de bem–estar e energia, e por isso a pessoa irá ter a tendência de impulsionar o seu corpo mais rápido e adiante do que é suposto ir. Dessa forma, os consumidores de drogas experimentam uma “queda” severa ou esgotamento físico e mental depois dos efeitos das drogas passarem.
Com o consumo contínuo da droga diminui as sensações de fome, os consumidores podem experimentar extrema perda de peso. Os efeitos negativos também podem incluir: padrões de sono alterados; hiperatividade; náuseas; delusões de poder; aumento de agressividade e irritabilidade.
Outros efeitos preocupantes podem incluir: insónia, confusão, alucinações, ansiedade e paranoia.1 Nalguns casos, isso pode causar convulsões que podem levar à morte.

Danos a Longo Prazo

A longo prazo, o uso de metanfetaminas pode causar danos irreversíveis. Aumento do batimento cardíaco e tensão arterial, lesão dos vasos sanguíneos cerebrais que podem causar derrames vasculares cerebrais ou batimento cardíaco irregular que podem, por sua vez, causar colapso cardiovascular2 ou morte; e lesões no fígado, rins e pulmões.
Os consumidores poderão sofrer danos cerebrais, incluindo perda de memória e incapacidade crescente de compreender pensamentos abstratos. Aqueles que se recuperam estão geralmente sujeitos a lapsos de memória e a extremas mudanças de humor.
Danos causados pela metanfetamina
EFEITOS A CURTO PRAZO
  • Perda de apetite
  • Aumento do batimento cardíaco, pressão sanguínea, temperatura corporal
  • Dilatação das pupilas
  • Padrões de sono perturbados
  • Náusea
  • Comportamento bizarro, instável, por vezes violento
  • Alucinações, hiperexcitabilidade, irritabilidade
  • Pânico e psicose
  • Doses excessivas podem conduzir a convulsões, derrames vasculares cerebrais e morte
EFEITOS A LONGO PRAZO
  • Danos irreversíveis dos vasos sanguíneos coronários e cerebrais, tensão arterial elevada, conduzindo a ataques cardíacos, derrames vasculares cerebrais e morte
  • Danos no fígado, rins e pulmões
  • Destruição dos tecidos nasais se inalada
  • Problemas respiratórios se fumada
  • Doenças infecciosas e abcessos se injetada
  • Má–nutrição, perda de peso
  • Decadência dentária severa
  • Desorientação, apatia, confusão exaustiva
  • Forte dependência psicológica
  • Psicose
  • Depressão
  • Danos ao cérebro similares à doença de Alzheimer, derrames vasculares cerebrais e epilepsia
  1. paranoia: suspeita, desconfiança ou medo de outras pessoas.
  2. cardiovascular: relativo ao coração ou vasos sanguíneos
  3. doença de Alzheimer: uma doença que afeta algumas pessoas idosas e que é acompanhada por perda de memória.

Cocaína - Tolerância e efeitos no organismo

Tolerância e Dependência:

Com o uso abusivo da cocaína não foi evidenciado tolerância, embora haja tendência para aumentar as doses. Pode haver indução à dependência psíquica profunda, com deterioração pessoal, ocupacional e até surtos de psicose tóxica.

Não está demonstrado que ocorra dependência física, não havendo evidências de síndrome de abstinência, embora, na ausência da substância, o dependente apresente crise de natureza psíquica, com procura compulsiva da droga, irritabilidade, agressividade, confusão mental, depressão, lassidão, sono profundo e hiperfagia.

Efeitos Gerais sobre o Organismo:

A cocaína ocasiona febre devido ao aumento da produção de calor, por ação sobre o SNC (sistema nervoso central) e por diminuição da perda deste, devido a vasoconstrição periférica.

No uso por inalação pode levar à perfuração do septo nasal e no uso endovenoso facilita o aparecimento de infecções locais e transmissão de enfermidades como septicemias, malária, endocardite bacteriana, hepatite B e AIDS.

Efeitos sobre o SNC:

Os efeitos imediatos da administração de cocaína manifestam-se de maneira geral, por um estado de euforia, bem estar, desinibição, loquacidade, resistência ao trabalho, perda de apetite, liberação erótica e insônia.

Efeitos sobre o Comportamento:

Com o uso repetido da substância, outros efeitos imediatos vão surgindo: agressividade, perda gradual do autocontrole, diminuição crescente da força de vontade, desinteresse ao trabalho, verdadeira obstinação para conseguir por todos os meios o pó, do qual não consegue mais renunciar. Há descontrole e o que interessa é saber onde e como obter a droga, sem preocupação com as consequências que possam advir, com envolvimento pessoal ou da família, devido às relações com traficantes.

Nada mais interessa ao dependente: relações familiares, trabalho, alimentação ou vestuário, sua obsessão é conseguir a droga. Começa a sentir “coisas esquisitas”, alucinações táteis, como se fossem insetos andando sobre seu corpo, posteriormente alucinações visuais, auditivas e gustativas: é a psicose cocaínica.

Efeitos Tóxicos:

A intoxicação aguda pela cocaína, conhecida por “overdose”, é caracterizada por palpitações, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsão, colapso cardiovascular, parada respiratória e morte.
Morte súbita causada por “overdose” acontece também quando a cocaína é contrabandeada dentro do corpo do contrabandista.

Tabaco - Efeitos

EFEITOS NO ORGANISMO

A absorção da nicotina pelo pulmão é rápida, quase como se fosse administrada na veia, chegando ao cérebro em 8 segundos após a inalação.

A probabilidade de apresentar-se qualquer doença ligada ao cigarro aumenta com o número de cigarros fumados por dia ou maços por ano. A diferença de efeitos produzidos entre fumantes de cigarro, cachimbo, charutos está provavelmente relacionada ao hábito de tragar, que é menor no cachimbo e charuto; entretanto, nestes últimos é maior o índice de absorção pela mucosa bucal e nasofaríngea, havendo aumento de doenças provenientes nestas áreas.

A. SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Os fumantes relatam que o cigarro os desperta quando estão sonolentos e os acalma quando estão tensos, o que é confirmado pelo registros do eletroencefalograma.

A nicotina estimula o SNC. Doses apropriadas causam tremores; entretanto, doses elevadas podem levar a convulsões. A forte estimulação do SNC é seguida de depressão respiratória e, em alguns casos, da morte.

A nicotina induz ao vômito por ação central e periférica. A origem central da resposta do vômito é a estimulação do centro do gatilho do vômito.

B- APARELHO CARDIOVASCULAR

A ação deste sistema é exercida especialmente pela nicotina e o monóxido de carbono. A primeira possui efeito constritor em alguns vasos, quando estimula a liberação de substâncias chamadas catecolaminas, que, por sua vez, aumentam a freqüência cardíaca e a pressão arterial. Já o monóxido de carbono forma a carboxihemoglobina, resultando em deficiência na oxigenação dos tecidos. Em média os fumantes têm cerca de l0% de sua hemoglobina inutilizada, sendo que esta percentagem aumenta para 30% em casos de fumantes que consomem mais de um maço de cigarro por dia. Vale ainda mencionar que o nível de 60% de hemoglobina inutilizada é letal.

A vida média da carboxihemoglobina é de 4 horas. Caso o indivíduo deixe de fumar por 24 horas, o nível de carboxihemoglobina aproximar-se-á de zero. Assim, 24 horas sem fumar correspondem a uma transfusão de cerca de um litro de sangue.

A aceleração do ritmo cardíaco, a elevação da pressào arterial, e a hipóxia continuada obrigam o coração do fumante a exercer maior trabalho, em piores condições. O fumo também aumenta o colesterol total, contribuindo para o desenvolvimento da arterosclerose. Nos EUA o cigarro é a principal causa de doenças coronarianas. Aproximadamente 20% das 500.000 mortes por doenças do coração ocorridas a cada ano são atribuídas ao cigarro. O cigarro ainda é uma importante causa de doenças vasculocerebrais, respondendo por cerca de l8% das l50.000 mortes por derrames cerebrais a cada ano.

C. APARELHO RESPIRATÓRIO

O fumo atua negativamente sobre as 2 funções do pulmão: ventilação pulmonar e troca alvéolo-capilar.

A fumaça do cigarro causa broncoconstrição e esse efeito dura em média uma hora; em asmáticos, tal efeito é ainda maior. Além disso, a irritação da mucosa estimula a produção de muco; o fumo também imobiliza os cílios, diminuindo a sua função defensora, uma vez que há a intoxicação por meio de substânias como a acroleína. Estes efeitos aumentam o risco de infecção – o que explica a grande incidência de casos de bronquite em fumantes. Finalmente, o fumo predispõe à enfisema pulmonar, o que é irreversível.

No Brasil estima-se que 125.000 pessoas morram por ano devido ao fumo. No mundo inteiro, esta estimativa aumenta para 3,5 milhões de pessoas – oito vezes mais que as mortes causadas pelo álcool.

O tabagismo é o fator isolado mais importante para a originação do câncer de pulmão (90% do casos).

As substâncias contidas e liberadas pela queima do cigarro, provocam inflamação continuada da parede brônquica, perda dos cílios, hipertrofia das glândulas, fibrose e estreitamento da luz dos brônquios. Estes processos caracterizam a bronquite crônica. A dilatação dos alvéolos, acompanhada da ruptura dos septos, proporciona a instalação do enfisema pulmonar, bem como dificuldade de expiração do ar, o que virá a acarretar, por sua vez, doença pulmonar obstrutiva, entre outros efeitos.

O fumo contém dezenas de elementos cancerígenos, como os benzopirenos do alcatrão, destruindo as células protetoras contra o câncer. O fumo também contém elementos radioativos que se concentram na bifurcação dos brônquios. Quem fuma 30 cigarros por dia, por exemplo, recebe uma irradiação equivalente a 8.000 REM/ano, ou o equivalente a 300 radiografias. Também há a predisposição à tuberculose e outras infecções pulmonares.

D. GRAVIDEZ

Muitas alterações podem ser observadas durante a gestação em que ocorre o uso de tabaco. As substâncias tóxicas passam para a circulação da mãe e, por meio da placenta, atingem o feto, causando:

Aumento da viscosidade sanguínea;
Vasoconstrição;
Anoxia quase que continuada;
Aumento da freqüência cardíaca;
Dificuldade de movimentos respiratórios;
"Morte súbita de berço";
Aborto espontâneo e mortalidade perinatal;
Diminuição do crescimento fetal;
Má formação congênita;
Dificuldade no aprendizado de leitura, matemática e habilidades em geral desde a infância até a adolescência;            

Perturbações neurológicas e psicológicas.

E. NA LACTAÇÃO

Cada cigarro contem 0,5 mg. a 1 mg. de nicotina. Dez cigarros por dia representam dose tóxica de nicotina para os recém nascidos.

A nicotina está contida no leite das fumantes, podendo causar taquicardia no bebê, de acordo com a dose experimentada pelas mães.

F. OUTRAS ALTERAÇÕES

Disposição ao câncer de: laringe (há a probabilidade deste tipo de câncer manifestar-se sete vezes mais que o comum), cavidade oral, esôfago; bem como para o câncer de: bexiga , rim e pâncreas;           

Disposição à gastrite aguda e a úlceras pépticas;  

Aumento considerável do risco de cardiopatias, quando associadas ao uso de anticoncepcionais;
Irregularidade no ciclo menstrual;
Redução da expectativa de vida para os fumantes: entre 35 e 65 anos morrem 40% dos fumantes, contra 15% de não fumantes.

G. RISCOS DO FUMANTE PASSIVO

Estudos descrevem a maior incidência de casos de doenças respiratórias e anormalidade na função pulmonar em crianças menores de dois anos cujas mães são fumantes. Além disso, fortes indícios sugerem que mulheres não fumantes, casadas, por sua vez, com fumantes, têm cerca de 30% de chance a mais de desenvolver câncer de pulmão. Pessoas expostas à fumaça do cigarro são consideradas, portanto, fumantes passivos (não importando se a exposição se dá em ambientes fechados ou abertos), as quais sofrem efeitos imediatos como: irritação nos olhos, nariz e garganta; e, a longo prazo, doenças comuns aos fumantes.

A absorção passiva de 90% dos constituintes do cigarro, incluindo substâncias gasosas e partículas sólidas, em decorrência do ar enfumaçado, comprova-se em exames de urina – na qual se verifica a presença de nicotina em doses elevadas. Este quadro torna-se ainda mais drástico se considerarmos que bebês e crianças também sofrem da exposição à fumaça do cigarro.

H. RISCOS E PERDAS AMBIENTAIS

O cigarro aumenta a probabilidade de haver incêndios, tanto domésticos quanto de trabalho, além de devastar inúmeras áreas próximas a rodovias, sacrificando grande número de espécies vegetais e animais, bem como prejudicando o solo e o ar atmosférico. Em muitos ambientes de trabalho, a exemplo, os danos por queima têm aumentado: faz-se necessária, assim, a substituição de mobiliários , carpetes , cortinas, como de filtros do sistema de ventilação.


Anfetaminas

O que são anfetaminas

As anfetaminas, e substâncias relacionadas como meta-anfetaminas, são um grupo de drogas que agem elevando os níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina no cérebro. Anfetaminas estão presentes em remédios sob prescrição médica para tratar desordem de déficit de atenção e desordem de déficit de atenção com hiperatividade em adultos e crianças. Anfetaminas também são usadas para tratar lesão traumática no cérebro, sonolência diurna, narcolepsia e síndrome de fadiga crônica. Inicialmente, as anfetaminas eram populares como inibidores de apetite usadas para emagrecer. Entretanto, hoje em dia, seu uso para emagrecimento não é recomendado devido à dependência e efeitos colaterais. Além do uso médico controlado, as anfetaminas são utilizadas ilegalmente como droga estimulante e doping.

Anfetaminas para desordem de déficit de atenção com hiperatividade

As anfetaminas fazem parte do tratamento para desordem de déficit de atenção com hiperatividade. Os efeitos benéficos das anfetaminas para desordem de déficit de atenção com hiperatividade incluem controle da impulsividade, melhora da concentração, diminuição da super-estimulação sensorial, da irritabilidade e da ansiedade. Esses efeitos são fortes na elevação da produtividade de adultos e crianças. O remédio Adderall é composto por quatro sais de anfetaminas diferentes.

Outras indicações das anfetaminas

As anfetaminas também fazem parte do tratamento para narcolepsia, assim como outras desordens do sono. Se utilizada dentro dos limites terapêuticos, as anfetaminas são geralmente eficientes durante longos períodos de tempo sem produzir vício ou dependência física. Anfetaminas são algumas vezes suadas para potencializar a terapia anti-depressão em pacientes resistentes ao tratamento. O uso de anfetaminas para emagrecer é considerado em muitos países como sendo obsoleto e perigoso.  

Contra-indicações das anfetaminas

Estimulantes, como as anfetaminas, elevam o gasto cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração) e pressão sanguínea, o que os torna perigosos para pacientes com histórico de doença cardíaca o hipertensão. Pacientes com histórico de dependência de drogas ou anorexia também não devem ser tratados com anfetaminas, devido às suas propriedades de dependência e supressão de apetite. Anfetaminas podem causar complicações em pacientes tomando antidepressivos inibidores da monoamina oxidase. Anfetaminas também não são indicadas para pacientes com histórico de glaucoma. Uma vez que anfetaminas podem passar através da amamentação, mulheres que estão tomando medicamentos com anfetaminas são alertadas para não amamentar seu bebê durante o tratamento.

Efeitos colaterais físicos das anfetaminas

Os efeitos físicos das anfetaminas podem incluir: redução de apetite, sensações aumentadas ou distorcidas, hiperatividade, pupilas dilatadas, rubor, agitação, boca seca, disfunção erétil, dor de cabeça, taquicardia, batimento cardíaco elevado, aumento da pressão sanguínea, febre, suor, diarréia, constipação, visão turva, fala prejudicada, tontura, movimentos incontrolados, tremor, insônia, palpitações e arritmia. Em altas doses, ou uso crônico, pode ocorrer: convulsão, pele seca, acne e palidez. O abuso de anfetaminas também pode aumentar o risco de ataque cardíaco.

Efeitos colaterais psicológicos das anfetaminas

Os efeitos psicológicos das anfetaminas incluem: ansiedade, nervosismo, euforia, percepção de energia elevada, comportamento repetitivo, excitabilidade, sensação de poder ou superioridade. Ocasionalmente há psicose por anfetaminas, geralmente com doses altas ou uso crônico.

Efeitos da interrupção do uso de anfetaminas

Quando anfetaminas são usadas indevidamente sem supervisão médica, a sua interrupção pode causar efeitos de abstinência, que podem incluir: ansiedade, depressão, agitação, fadiga, sono excessivo, apetite aumentado, psicose e pensamentos suicidas.

Doping com anfetaminas

Anfetaminas também são usadas indevidamente como doping de atletas devido ao seu efeito estimulante. Os níveis de energia são percebidos com dramaticamente aumentados e sustentados, o que dá a impressão de permitir esforço físico mais vigoroso e longo. Entretanto, pelo menos um estudo descobriu que esse efeito não é mensurável. O uso de anfetaminas durante atividade física extenuante pode ser extremamente perigoso, especialmente quando combinado com álcool.

Maconha

A maconha é uma planta herbácea considerada uma droga ilícita, que pode trazer alguns efeitos negativos e que pode causar dependência.

A planta

Planta herbácea de clima quente e úmido, originária da Índia, a maconha (Cannabis sativa) pertence à família Moraceae e pode atingir até 5 metros de altura. Possui folhas digitadas e flores pequenas, amarelas e sem perfume. É uma planta dioica que apresenta talos com flores femininas e talos com flores masculinas. O fato de a planta possuir talos com flores diferentes influencia na colheita, pois as flores masculinas endurecem mais rápido, morrendo após a floração, enquanto que as inflorescências femininas permanecem com uma cor verde-escura até um mês após a floração, quando as sementes amadurecem. Quando não ocorre fecundação das flores femininas, elas excretam grandes quantidades de resina pegajosa composta por dezenas de substâncias diferentes. O fruto da maconha é amarelo-esverdeado, pequeno, ovalado e contém uma substância ácida que serve de alimento para algumas espécies de aves. 

Os primeiros relatos dessa erva no Brasil datam do século XVIII quando era usada para a produção de fibras chamadas de cânhamos. Tais fibras eram obtidas por meio de vários processos, incluindo desfolhamento, secagem, esmagamento e agitação que separam as fibras da madeira. Essas fibras fortes e duráveis foram usadas como velas de navios por séculos e até hoje são utilizadas em cordas, cabos, esponjas, tecidos e fios. As sementes com muitas proteínas e carboidratos são utilizadas na alimentação de pássaros domésticos, e em cereais e granolas. Do óleo extraído das sementes fazem-se tintas, vernizes, sabões e óleo comestível. 

Substâncias da maconha

A planta da maconha contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 se classificam na categoria dos canabinoides, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde. O tetra-hidrocarbinol (THC) é um desses canabinoides e é a substância mais associada aos efeitos que a maconha produz no cérebro. A concentração de THC na planta depende de alguns fatores, como solo, clima, estação do ano, época da colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso, condições de plantio, genética da planta, processamento após a colheita, etc., por isso os efeitos podem variar bastante de uma planta para outra.

Marijuana, hashish, charas, ghanja, bhang, kef, orla e dagga são algumas das maneiras que a cannabis pode ser consumida, mas a forma mais comum é através do fumo.

Ao inalar a fumaça da maconha, o THC vai diretamente para os pulmões que são revestidos pelos alvéolos, responsáveis pelas trocas gasosas. Por possuírem uma superfície grande, os alvéolos absorvem facilmente o THC e as outras substâncias. Minutos depois de inalado, o THC cai na corrente sanguínea, chegando até o cérebro.

Em nosso cérebro existem alguns receptores canabinoides que se concentram em lugares diferentes, como no hipocampo, cerebelo e gânglios basais. Esses receptores possuem efeitos em algumas atividades mentais e físicas como memória de curto prazo, coordenação, aprendizado e soluções de problemas.

Os receptores canabinoides são ativados pela anandamida, substância endógena neurotransmissora que é comparada ao THC, o princípio ativo da maconha. O THC, também pertencente ao grupo dos canabinoides, copia as ações da anandamida se ligando aos receptores canabinoides e ativando os neurônios, influenciando de forma adversa o cérebro. A interação do THC com o cérebro pode causar sentimentos relaxantes, como sensação de leveza, sendo que outros sentidos também podem se alterar.

Efeitos em curto e longo prazo

Depois de consumir a cannabis, a pessoa pode apresentar alguns efeitos físicos, como memória prejudicada, confusão entre passado, presente e futuro, sentidos aguçados, mas com pouco equilíbrio e força muscular, perda da coordenação, aumento dos batimentos cardíacos, percepção distorcida, ansiedade, olhos avermelhados por causa da dilatação dos vasos sanguíneos oculares, boca seca e dificuldade com pensamentos e solução de problemas.

As pessoas que fumam maconha também estão suscetíveis aos mesmos problemas das pessoas que fumam tabaco, como asma, enfisema pulmonar, bronquite e câncer.

Dependência

Afinal, a maconha causa ou não dependência?

Muitos estudos estão sendo feitos a respeito desse assunto, mas ainda não se sabe ao certo se a maconha causa ou não a dependência. Por causa da dificuldade de se quantificar a maconha que atinge a corrente sanguínea, não há doses formais de THC que causam dependência. Acredita-se que a dependência aumenta conforme o período do uso.

Estudos mostram que alguns usuários que fazem uso da maconha diariamente não desenvolvem o vício, enquanto outros podem desenvolver uma síndrome de uso compulsivo semelhante à dependência de outras drogas.

Não é possível ainda determinar a natureza dos sintomas de abstinência da maconha.

De acordo com a Agência Americana de Combate às Drogas, o consumo prolongado de maconha pode causar danos aos pulmões e ao sistema reprodutivo.

Usos medicinais

Nos séculos passados, a maconha era usada, na China, como anestésico, analgésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. A erva foi citada na primeira farmacopeia (livro que reunia fórmulas e receitas de medicamentos) conhecida no mundo, cerca de 2 mil anos atrás, recomendando o seu uso para prisão de ventre, malária, reumatismo e dores menstruais. No século XIX, alguns povos começaram a utilizá-la no tratamento da gonorreia e angina.

Atualmente, muitos acreditam que os efeitos negativos da maconha superam os seus efeitos positivos, mas muitos efeitos nocivos da maconha permanecem inconclusivos. Por essa razão, algumas pessoas pedem para que ela seja legalizada a fim de ser utilizada como medicamento no tratamento de algumas doenças, como câncer e AIDS (combate as náuseas e estimula o apetite), glaucoma (alivia a pressão ocular), epilepsia (evita as convulsões) e esclerose múltipla (diminui espasmos musculares).

Em alguns estados norte-americanos, o uso medicinal da maconha já foi legalizado.


Benzodiazepínicos
Definição

Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase exclusivamente sobre
a ansiedade e a tensão. Essas drogas já foram chamadas de tranqüilizantes, por
tranqüilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar
esses tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que “destroem” a
ansiedade. De fato, esse é o principal efeito terapêutico desses medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia as funções psíquicase motoras.

Antigamente, o principal agente ansiolítico era uma droga chamada meprobamato,
que praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de um importante
grupo de substâncias: os benzodiazepínicos. De fato, esses medicamentos
estão entre os mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Para se ter idéia,
atualmente existem mais de cem remédios em nosso país à base desses benzodiazepínicos.

Estes têm nomes químicos que terminam geralmente pelo sufixo pam.
Assim, é relativamente fácil a pessoa, quando toma um remédio para acalmar-se,
saber o que realmente está tomando: tendo na fórmula uma palavra terminada em
pam, é um benzodiazepínico. Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam, flurazepam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam etc.
Uma das exceções é a substância chamada clordizepóxido, que também é um benzodiazepínico.

Por outro lado, essas substâncias são comercializadas pelos laboratórios
farmacêuticos com diferentes nomes “fantasia”, existindo assim dezenas de
remédios com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Calmociteno®, Dienpax®,
Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®, Lorax®, Urbanil®, Somalium®
etc., são apenas alguns dos nomes.
Efeitos no cérebro

Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos do cérebro
que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando, devido
às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro
funcionam exageradamente, resultando em estado de ansiedade, os benzodiazepínicos
exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam

TRANQÜILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS
Benzodiazepínicos

hiperfuncionantes, e a pessoa fica mais tranqüila, como que desligada do meio
ambiente e dos estímulos externos.
Como conseqüência dessa ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade
do nosso cérebro que se caracteriza por:
1. diminuição de ansiedade;
2. indução de sono;
3. relaxamento muscular;
4. redução do estado de alerta.

É importante notar que esses efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos são
grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura do álcool com essas drogas pode
levar ao estado de coma. Além desses efeitos principais, os ansiolíticos dificultam os
processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante prejudicial
para aqueles que habitualmente se utilizam dessas drogas.
Finalmente, é importante ainda lembrar que essas substâncias também prejudicam
em parte as funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir automóveis,
aumentando a probabilidade de acidentes.

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir, pois têm
predileção quase exclusiva pelo cérebro. Dessa maneira, nas doses terapêuticas não
produzem efeitos dignos de nota sobre os outros órgãos.

Efeitos tóxicos

Do ponto de vista orgânico ou físico, os benzodiazepínicos são drogas bastante
seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que as habituais)
para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia muscular
(“mole”), grande dificuldade para ficar em pé e andar, baixa pressão sangüínea e
suscetilidade a desmaios. Mas, mesmo assim, a pessoa dificilmente chega a entrar
em coma e morrer. Entretanto, a situação muda muito de figura se o indivíduo,
além de ter tomado o benzodiazepínico, também ingeriu bebida alcoólica. Nesses
casos, a intoxicação torna-se séria, pois há grande diminuição da atividade cerebral,
podendo levar ao estado de coma.
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso dessas
substâncias por mulheres grávidas. Suspeita-se que essas drogas tenham um poder
teratogênico razoável, isto é, podem produzir lesões ou defeitos físicos na criança
por nascer.

Aspectos gerais

Os benzodiazepínicos, quando usados durante alguns meses seguidos, podem levar
as pessoas a um estado de dependência. Como conseqüência, sem a droga o dependente
passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor pelo
corpo todo, podendo, em casos extremos, apresentar convulsões. Se a dose tomada
já é grande desde o início, a dependência ocorre mais rapidamente ainda. Há também
desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito acentuada, isto é, a
pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial.

Situação no Brasil

Como já foi relatado, existem muitas dezenas de remédios no Brasil à base de ansiolíticos
benzodiazepínicos. Até recentemente, era comum os médicos, chamados de
obesologistas (que tratam das pessoas obesas em busca de tratamento para emagrecer),
colocarem nas receitas esses benzodiazepínicos para atenuar o nervosismo produzido
pelas drogas que tiram o apetite (ver Capítulo “Anfetaminas”). Atualmente,
a legislação não permite essa mistura.
Além disso, há um verdadeiro abuso por parte dos laboratórios nas indicações
desses medicamentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas consideradas
normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana. Assim, certas propagandas
mostram uma mulher com um largo sorriso, feliz, pois tomou certo remédio
que corrigiu a ansiedade gerada pelos três bilhetes recebidos: um do marido,
avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que chegará com
o time de basquete para um lanche; e o terceiro da empregada, avisando que faltou
ao trabalho porque foi ao SUS. Ainda existem exemplos de indicação dos benzodiazepínicos
para as moças sorrirem mais (pois a tensão evita o riso), ou para evitar as
rugas, que envelhecem (uma vez que a ansiedade faz as pessoas franzirem a testa,
criando rugas). Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento sobre o
uso não-médico de drogas psicotrópicas por estudantes em dez capitais brasileiras,
em 1997, os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência geral, sendo
esse uso muito mais intenso entre meninas do que entre meninos.
Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a farmácia
pode vendê-los somente mediante receita especial do médico, que deve ser retida
para posterior controle, o que nem sempre acontece.