A falta de planejamento e obras de
infraestrutura são apontados como causas dos transtornos vividos pelos
moradores.
Na rua
Uberaba, na região central da cidade, a enxurrada derrubou o muro de duas
casas. A força da água que atingiu a casa do aposentado José Francisco dos
Santos, 79 anos, provocou o rompimento de um muro que separa a casa dele de um
terreno. “Ouvi o estrondo e a porta arrebentou trazendo para dentro de casa
água suja e muita lama.” relata.
Vizinhos e
um grupo de funcionários da prefeitura, ajudam na limpeza. Ergueram móveis e
utensílios domésticos. Pouca coisa restou. O vizinho dele, Adail de Sousa, 44
anos, também perdeu tudo.
Conjunto
Morada Feliz alagado
O ponto mais
crítico foi no Conjunto Habitacional Morada Feliz, no bairro Nova Esperança. O
conjunto, entregue pela Cohab e prefeitura no último dia 7 de novembro,
apresenta uma série de problemas de infraestrutura. Goteiras, torneiras que não
funcionam, portas empenadas,vazamentos nas caixas d’água, além dos transtornos
provocados pela falta de calçamento, galeria pluvial e desnível da rua.
Na madrugada
desta quinta-feira, cerca de 20 famílias tiveram suas moradias invadidas pela
enxurrada. Os moradores estão revoltados. “Parecia um rio”, descreveu Maria de
Lourdes Ribeiro, moradora da rua F. “Ninguém dormiu durante a madrugada. A água
invadiu as casas e destruiu o pouco que temos”, lamentou Walter Gomes
Nascimento, 43 anos. Ele perdeu móveis, colchões, roupas de cama e
eletrodomésticos.
As casas
ficam em um terreno plano e baixo. Toda a enxurrada do alto do bairro Nova
Esperança, desceu misturada com lama e esgoto que corta a região à céu aberto.
A dona de
casa Jorgeane Lopes Pereira, 27 anos, está desolada. Ela mora com 5 filhos
pequenos, de 4, 7, 8, 9 e 12 anos, e perdeu tudo que tinha.
A lama
invadiu os dois quartos, a sala, banheiro e cozinha da casa. “Todos os
colchões, roupas de cama e das crianças estão enlameados e contaminados pela
enxurrada.
“Não sei
onde vou colocar meus filhos para dormir”, desabafou a dona de casa, mostrando
apenas um pouco de arroz, feijão e fubá, para comer em casa.
O mau cheiro
da lama misturada a esgoto é quase insuportável. Junto com os filhos, ela
tentava limpar e separar o pouco que sobrou depois do temporal.
“Minha filha
de 4 anos saiu recentemente do hospital onde se tratou de uma pneumonia. Estou
com medo que ela adoeça de novo”, afirma Jeorgeane.