O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve 28,64% de abstenção, o que
equivale a 2,4 milhões de candidatos. Mais 1.519 foram eliminados por
desrespeitarem as regras do exame. Desses, 236 foram eliminados por uso indevido
de celulares. O balanço foi divulado nesta noite pelo ministro da Educação,
Henrique Paim. Na análise do ministro, a aplicação transcorreu com
"tranquilidade, o que mostra que chegamos a um momento de consolidação desse
processo". O Enem foi aplicado neste sábado e domingo em 1,7 mil municípios.
"Tomamos medidas importantes no sentido que houvesse maior conscientização
das pessoas que se inscreveram no Enem, chamando a atenção delas de que é
importante a participação [no respeito às regras]. Tivemos uma melhora pequena",
avalia o ministro. "Vamos trabalhar e ver qual medida que temos que tomar,
especialmente com os reincidentes", acrescentou, ressaltando que podem ser
tomadas medidas mais duras.
No ano passado, a taxa de abstenção alcançou 29,7%, e e as eliminações
chegaram a 1,5 mil, sendo 47 por uso indevido de celular. Os números desse ano,
segundo Paim, ainda podem aumentar com a análise das atas de cada local de
prova. "Nós vamos continuar ampliando o processo e o rigor para que qualquer
tipo de perturbação e fraude seja coibido", disse.
Paim também voltou a lamentar a morte de Edivania Florinda de Assis, em
Olinda (PE). Segundo ele, houve também um nascimento, em Caucaia (CE), de uma
criança chamada Júlia. A mãe, Maria Alves Viera, entrou em trabalho de parto
durante a prova. O ministro também confirmou que ocorreram ao menos três
prisões, mas não divulgou o número oficial. Isso será feito, segundo ele,
posteriormente, com a presença da Polícia Federal.
Em outro problema, a Agência Brasil identificou este ano
vários candidatos que fizeram as provas em locais distantes de onde residem.
"Temos que verificar caso a caso, depende de como o candidato fez a inscrição,
tem que ver a situação de cada particiante", comentou Paim.
Pelo Twitter, a presidenta Dilma Rousseff agradeceu aos colaboradores no Enem
e disse: "A consolidação do #Enem permite que mais estudantes possam ter aceso
às oportunidades criadas pelo #Sisu e entrar na universidade pública". Ela
também disse que o Enem foi um sucesso de organização e "candidatas e candidatos
tiveram condições para realizar suas provas com tranqüilidade e buscar seu sonho
na universidade".
Professores dizem que tema de redação é pertinente e atual, mas admitem surpresa
Para professores, o tema da redação deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) surpreendeu por não estar entre as principais apostas para a prova.
Segundo eles, no entanto, o tema Publicidade Infantil em Questão no Brasil pode
ser abordado de várias formas e, embora não cobre o domínio de atualidade tão
diretamente como o tema do ano passado, que tratou da Lei Seca, o estudante que
acompanhou as recentes discussões sobre liberdade de imprensa e papel da mídia
no país poderá se beneficiar.
“Mais uma vez, o Enem trabalha com um tema que é pertinente à sociedade brasileira. O tema é muito bom para ser trabalhado dentro do que a estrutura do Enem solicita [apresentar um problema e uma solução]”, analisa o professor do Colégio JK, em Brasília, Marcelo Freire. “Não é um tema muito difícil, é um tema que tem uma linha de raciocínio, como nos anos anteriores. Não dá para ir contra a Lei Seca, não dá para ser contra a imigração. O Enem mais uma vez lança um tema que facilita a vida do candidato”, acrescenta. Em 2013, o tema da redação foi Efeitos da Implantação da Lei Seca no Brasil. Em 2012, foi O Movimento Imigratório para o Brasil no Século 21.
De acordo com o professor, o tema não estava entre os mais cotados para serem cobrados no exame, mas o candidato não precisa ter um domínio direto de uma questão da atualidade específica. “Vai exigir mais sensibilidade e conhecimento no que diz respeito à liberdade de imprensa. Liberdade de expressão e midia foram temas em que muita gente apostou. O aluno que souber aproveitar essa discussão, que foi muito forte este ano, vai poder aplicar na redação”.
Freire alerta, no entanto, que é preciso ter cuidado com outra regra do exame, a de respeitar os direitos humanos no desenvolvimento do texto. Segundo ele, muitos no ano passado feriram os direitos humanos ao definir tipos de punição àqueles que dirigissem bêbados, o que é proibido, pelas regras do exame. O risco esse ano é de o candidato ir contra a liberdade de imprensa.
“O tema foi supreendente, mas não fora da tradição do Enem. O tema supreende e eu acho isso positivo, porque evita um mapeamento de temas por parte de professores que acabam quase montando a redação com os alunos”, diz o professor de português do Colégio Sigma, em Brasília, Eli Carlos Guimarães. Para ele, a discussão é pertinente porque envolve a atuação do Poder Público em relação à liberdade de imprensa da TV, de modo geral, e cuidados com a educação, colocando a criança como foco de preocupação social relevante. “Imagino que os alunos vão apontar soluções no sentido de que deve haver uma legislação mais rigorosa ou mais clara, estabelecendo limites do que é aceitável e da responsabilidade dos anunciantes”, diz Guimarães.
Já a professora de português do Centro de Ensino Médio Setor Leste, em Brasília, Eliana Luízade Azevedo, destacou a amplitude do tema, que possibilitará aos candidatos de todo o país falarem em relação ao contexto em que estão inseridos. “Os participantes poderão trabalhar a questão da publicidade infantil nas grandes cidades ou no interior, poderão mostrar como, em cada localidade, é trabalhada a publicidade infantil”, diz. “O tema tem uma abrangência imensa, que pode ser levada para o lado da violência infantil, do consumo, pode trabalhar também a vertente de direitos humanos, a questão da erotização da criança”, acrescenta.
Neste domingo (9), os candidatos fazem provas de linguagens e códigos, matemática e redação. O exame começou a ser aplicado às 13h, no horário de Brasília, e terá a duração de cinco horas e 30 minutos. Esta edição do Enem teve inscrição recorde de mais de 8,7 milhões de candidatos.
“Mais uma vez, o Enem trabalha com um tema que é pertinente à sociedade brasileira. O tema é muito bom para ser trabalhado dentro do que a estrutura do Enem solicita [apresentar um problema e uma solução]”, analisa o professor do Colégio JK, em Brasília, Marcelo Freire. “Não é um tema muito difícil, é um tema que tem uma linha de raciocínio, como nos anos anteriores. Não dá para ir contra a Lei Seca, não dá para ser contra a imigração. O Enem mais uma vez lança um tema que facilita a vida do candidato”, acrescenta. Em 2013, o tema da redação foi Efeitos da Implantação da Lei Seca no Brasil. Em 2012, foi O Movimento Imigratório para o Brasil no Século 21.
De acordo com o professor, o tema não estava entre os mais cotados para serem cobrados no exame, mas o candidato não precisa ter um domínio direto de uma questão da atualidade específica. “Vai exigir mais sensibilidade e conhecimento no que diz respeito à liberdade de imprensa. Liberdade de expressão e midia foram temas em que muita gente apostou. O aluno que souber aproveitar essa discussão, que foi muito forte este ano, vai poder aplicar na redação”.
Freire alerta, no entanto, que é preciso ter cuidado com outra regra do exame, a de respeitar os direitos humanos no desenvolvimento do texto. Segundo ele, muitos no ano passado feriram os direitos humanos ao definir tipos de punição àqueles que dirigissem bêbados, o que é proibido, pelas regras do exame. O risco esse ano é de o candidato ir contra a liberdade de imprensa.
“O tema foi supreendente, mas não fora da tradição do Enem. O tema supreende e eu acho isso positivo, porque evita um mapeamento de temas por parte de professores que acabam quase montando a redação com os alunos”, diz o professor de português do Colégio Sigma, em Brasília, Eli Carlos Guimarães. Para ele, a discussão é pertinente porque envolve a atuação do Poder Público em relação à liberdade de imprensa da TV, de modo geral, e cuidados com a educação, colocando a criança como foco de preocupação social relevante. “Imagino que os alunos vão apontar soluções no sentido de que deve haver uma legislação mais rigorosa ou mais clara, estabelecendo limites do que é aceitável e da responsabilidade dos anunciantes”, diz Guimarães.
Já a professora de português do Centro de Ensino Médio Setor Leste, em Brasília, Eliana Luízade Azevedo, destacou a amplitude do tema, que possibilitará aos candidatos de todo o país falarem em relação ao contexto em que estão inseridos. “Os participantes poderão trabalhar a questão da publicidade infantil nas grandes cidades ou no interior, poderão mostrar como, em cada localidade, é trabalhada a publicidade infantil”, diz. “O tema tem uma abrangência imensa, que pode ser levada para o lado da violência infantil, do consumo, pode trabalhar também a vertente de direitos humanos, a questão da erotização da criança”, acrescenta.
Neste domingo (9), os candidatos fazem provas de linguagens e códigos, matemática e redação. O exame começou a ser aplicado às 13h, no horário de Brasília, e terá a duração de cinco horas e 30 minutos. Esta edição do Enem teve inscrição recorde de mais de 8,7 milhões de candidatos.