HISTORIOGRAFIA DE PEDRA AZUL/MG
Em 1730, conforme bandeira comandada pelo coronel português Quaresma
Delgado ao atravessar o Nordeste de Minas, constatou a existência de pequenas
vendas sendo uma dessas referências de comércio localizadas nos limites do
território atual de Pedra Azul.
O marco do povoamento da região e a criação de um lugarejo foi o
chamado “Ano da Fumaça” em 1833
chamado assim pelo fato de ter acontecido entre outubro e dezembro daquele ano
a “Grande Queimada” que durou cerca
de 60 dias.
O fogo deixou imensas clareiras na mata e aproveitando-se delas,
Manoel José Botelho fundou a Fazenda Pau d’Óleo que vendeu a seu filho Servando
José Botelho e após a venda, fundou a fazenda Veredas.
Em 1834 foi a vez do padre Manoel Fernandes chegar a região com uma
leva de escravos e novilhas e fundar a fazenda Vargem Grande.
O povoado já existente na época denominava-se Arraial de Nossa Senhora
da Boca da Caatinga originando-se a nomenclatura pelo fim das áreas vegetais de
campos abertos e início da vegetação tipo caatinga.
Com o crescimento da sociedade local devido a agropecuária e o
comércio e por ser formada por pessoas mais politizadas, estas iniciaram uma
luta para conseguir mais autonomia ao município de Salinas ao qual pertenciam,
sendo criado o distrito de Caatingas pela Lei Provincial nº 2565, de 03 de
janeiro de 1880, continuando subordinado a Salinas.
Em 1891 foi criado o Conselho Distrital de Catingas que no ano 1892,
encaminhou proposta de mudança de nome do distrito para Fortaleza, pois já era
chamada assim por alguns pelo fato de ser cercada de paredões de granito, sendo
aceita no mesmo ano.
Nessa época a pecuária tinha se tornado tão forte no Distrito de
Fortaleza que o boiadeiro e fazendeiro Teopompo de Almeida era acostumado a
conduzir em torno de 20.000 cabeças de gado, ficando conhecido como “Rei da
Boiada” em Uberaba, Vitória da Conquista, Itabuna, Feira de Santana e outras.
Em 1925, o Distrito de Fortaleza torna-se cidade.
O GRANDE BAZAR 36
No intuito de criar um estabelecimento comercial que atendesse as
demandas da região, o coronel Franco, Jako Antunes e Cassiano Mendes de
Oliveira, investiram 12 contos de Réis cada um, dando um total de 36, sendo o
nome escolhido em alusão à quantia.
O Grande Bazar 36 assumia funções tanto de comércio quanto de banco,
chegando a emitir moeda própria que tinha curso livre pela região. A divisão do
Grande Bazar 36 entre os Almeida e os Mendes de Oliveira, abalou profundamente
a política local.
DESCOBERTA DAS ÁGUAS MARINHAS
Em 1927, Lourenço da Santa Rosa encontra um bamburro de águas marinhas
durante a perfuração de vales na fazenda Laranjeiras, pertencente a João de
Almeida que passou a ser um dos homens mais ricos do Brasil. A lavra chegou a
atingir 300 homens trabalhando diuturnamente, sendo que nos cinco primeiros
anos de extração, a lavra extraiu 1000 kg, o que valeria nos dias de hoje o
equivalente a R$ 80.000.000,00 (oitenta milhões de reais).
João de Almeida foi o responsável pela construção de todo o quarteirão
dos hotéis Laranjeiras e Primavera, o GPA – Ginásio Pedra Azul, a Igreja Matriz
e impulsionou a construção do HEFA – Hospital Ester Faria de Almeida.
Durante muitos anos, o GPA foi referência da região, sendo o local
onde os filhos das famílias do Norte, Nordeste e parte do Leste de Minas Gerais
e Sul da Bahia realizavam seus estudos de nível médio.
Os processos de planejamento da Igreja Matriz se iniciaram no ano de
1933 sob influência de um grupo de padres missionários vindos de Curvelo que
retornaram em 1938 trazendo um padre holandês que iniciou os desenhos da planta
arquitetônica. João de Almeida deu o pontapé inicial para a construção da obra
em 1942, sendo que a igreja só ficou pronta na década de 60. A construção era
uma novidade na época por utilizar a técnica do concreto armado.
O HEFA – Hospital Éster Faria de Almeida foi ideia dos médicos Afonso
Maron e Armando Nilo Barcelar e o nome foi em homenagem a esposa do médico
formado em Paris em 1936, Joaquim Antunes de Almeida. O HEFA foi inaugurado em
1937.
As águas marinhas de Pedra Azul foram tão famosas que uma delas foi
dada de presente a rainha da Inglaterra e outra foi esculpida em forma de
obelisco e chamada de Pedra Dom Pedro.
PEDRA DOM PEDRO
A Pedra Dom Pedro é a maior escultura de água marinha do mundo e foi
encontrada em Pedra Azul na década de 1980 pesavando 45 quilos. Foi levada para
Alemanha em 1992 e foi esculpida em formato de obelisco pelo artista Bernd
Münsteiner. Os comerciantes alemães adquiriram a pedra quando ela pesava 27
quilos. A peça pesa em torno de 2 quilos e tem cerca de 35 centímetros de
altura. A obra encontra-se em exposição permanente no museu de história natural
Smithsonian, em Washington e estima-se que atrairá tantos visitantes quanto a
joia mais famosa do seu acervo, o diamante Hope, encontrado na Índia.
MUDANÇA DE NOME PARA PEDRA AZUL
Pelo fato do decreto do Presidente da República determinar que não
poderiam haver mais de uma cidade com o mesmo nome e já existir a capital
cearense com o nome de Fortaleza, a cidade mineira teve de mudar de nome. O
imortal Nelson de Faria então sugeriu a substituição do nome para Pedra Azul,
uma alusão a descoberta de águas marinhas feita por João de Almeida, sendo
acatada sugestão através de plebiscito popular e mudado o nome para Pedra Azul
em 31 de Dezembro de 1943.
Pedra Azul, então passava por um período de grande crescimento, sendo
na década de 40 inaugurado o Parque de Exposições Getúlio Vargas. Na década de
50, instala-se na cidade uma concessionária da montadora de carros americanos
Willys. De 1945 a 1964 Pedra Azul contou com cinema no Cine Teatro Isabel.
A decadência do município junto com todo o Vale do Jequitinhonha
iniciou-se no governo militar devido a falta de investimentos na região e a
migração do capital para os grandes centros. Foi nessa época que surgiu o
estereótipo de Vale da Miséria.
GRUPOS POLÍTICOS
Surgiram dois grupos políticos em Pedra Azul sendo o liberal formado
pelos que chegaram nas décadas 1860 e 1870 e primeira metade da década de 1880,
sendo eles o Coronel Franco, os Antunes, os Souza e os Mendes de Almeida e os
Almeida que chegaram em meados de 1890 formando os Órions.
A palavra Órions (caçadores), vinda do termo grego Órion que nomeia
uma constelação de estrelas do equador celeste e o signo zodíaco de Gêmeos,
sendo que na mitologia grega, Órion era um gigante filho de Poseidon e Gaia.
Já o grupo dos gorutubanos, vindos da cidade baiana de Gorutuba,
tinham conotação conservadora e tinham o nome secreto de Enopiões, conhecido
apenas pela elite e eram formados pelos que chegaram depois da metade da década
de 1880, e durante a década de 1890, sendo os Faria, os Ruas, os Veloso e os
Figueiredo. Enopião era o nome do Rei de Chios que numa batalha prometeu sua
filha em casamento ao gigante Orion em troca de seu apoio, porém se arrependeu
e convidando Orion para sua casa, embriagou-o e furou-lhe os olhos.
A cidade foi comandada primeiramente pelos gorutubanos que tinham como
líder o Coronel Pacífico Soares de Faria. A mudança do poder ocorre em 1918,
onde os Órions organizam um exército armado de 150 homens sob o comando de Bida
Antunes, filho do Coronel Colatino Antunes e tomam o distrito de Cachoeira de
Pajeú no dia da votação, vencendo as eleições.
Nos anos 30, os Órions assumiram a política local e do próprio Vale do
Jequitinhonha pelo fato de João de Almeida ser compadre do governador Benedito
Valadares e amigo pessoal do presidente Getúlio Dornellas Vargas. Nessa década,
por intervenção da família Almeida, foi criada a comarca de Pedra Azul em 1935
e instalada em 1938 e instalado um destacamento da Polícia Militar em 1931.
A única ocasião em que os dois grupos se uniram, foi quando a Coluna
Prestes foi incitada a atravessar em sua marcha a cidade de Fortaleza por influência
do Tenente Caetano Sabóia Figueiredo. Juntos, reuniram um contingente
aproximado de 300 homens armados, porém a Coluna Prestes acabou não passando
pelo município.
A cidade conseguiu eleger vários deputados como o Deputado Federal
Clemente Faria e o Deputado Estadual Antero de Lucena Ruas do lado dos
Gorutubanos e João de Almeida e outros do lado dos Órions.
IMPRENSA
“O rádio”, pertencente a João da Rocha Medrado, fundado em 1905 e
fechado pelo fato dos Órions e os gorutubanos terem obrigado ele a se posicionar
politicamente.
“O norte”, conservador, fundado pelos Gorutubanos em 1914.
O “Nova Era”, liberal, fundado pelos Órions através de Carlos
Esperidião de Souza.
O “Patusco”, redigido por Josias Moreira Souza e o imortal Nelson
Faria do lado dos Gorutubanos, no início dos anos 1920, após o fim do “O Norte”
e o “Nova Era”.
Com a separação de Josias Moreira Souza e Nelson Faria em 1924, Josias
fundou o liberal “O Sertão” e Epaminondas Barbosa, do lado dos Gorutubanos,
fundou o “A Fortaleza”.
MOVIMENTO CULTURAL
Durante as décadas de 70 e 80 o movimento cultural de Pedra Azul
continuou a aflorar sendo que surgiram grandes talentos da cidade que ajudaram
a fundar o “Clube da Esquina”. Murilo Antunes foi um deles, escritor e
compositor, compôs várias músicas para o clube da esquina.
Heitor de Pedra Azul, artista multifacetado, possui vários outros
dotes artísticos além de escritor e compositor. Compôs músicas interpretadas
por vários cantores de renome, escreveu vários livros e também já escreveu para
o teatro, além de ser pesquisador da cultura popular brasileira palestrando no
Brasil e no exterior. Hoje, vive na França e propaga sua arte por lá e por
aqui, mas frequentemente vem a Pedra Azul.
Outro pedrazulense com vários dotes para a arte é Saulo Laranjeira que
é humorista, ator, compositor, cantor e apresentador. Encantou a todos
apresentando o programa Arrumação programa sobre cultura popular brasileira,
possui vários personagens como a Véia Messina e o Deputado João Plenário
transmitido pela Praça é Nossa no SBT.
Nasceu em Pedra Azul também Paulo Hugo Morais Sobrinho, Paulinho Pedra
Azul, que além de cantor é poeta, artista plástico e compositor. Paulinho foi
considerado por pesquisa feita pela Associação de Músicos, Arranjadores e
Regentes – AMAR o segundo cantor mais conhecido de Minas Gerais. Sua música
mais conhecida é Jardim da Fantasia, conhecida popularmente como Bem-te-vi.
A DESCOBERTA DO GRAFITE
Descoberta em 1972, a jazida de grafite tipo flake começou a ser
explorada no ano 1975 na usina também denominada Pedra Azul pela NACIONAL DE
GRAFITE. É considerada a maior unidade industrial das Américas e a segunda
maior do mundo. Chama a atenção para o seu teor de qualidade altíssimo.
Fonte: Terras de Fortaleza, Eder Machado Silva
http://www.pedraazul-mg.com/2012/12/terras-de-fortaleza-eder-machado-silva.html
LISTA DE PREFEITOS DE PEDRA AZUL
Pacífico soares faria 01/06/12-31/12/19
Pacífico soares faria (2º mandato) 01/01/16-31/12/19
Antero de Lucena ruas 01/01/19- 31/12/20
Antero de L. ruas (2º mandato) 01/01/19-16/05/20
Antero de L. ruas (3º mandato) 17/05/27-03/10/30
Antero de L. ruas (4º mandato) 15/12/30-10/07/36
Dr. Álvaro neves (1º mandato) 10/07/36-04/12/40
Dr. João de Almeida 05/01/40-04/01/47
Urias de morais (pelo afastamento João Almeida) 09/01/47-10/04/47
Gumercino de Araújo ( nomeado) 10/04/47-0412/47
Dr. Álvaro neves (2º mandato) 05/12/47-31/01/51
Netércio de Almeida (1º mandato) 31/01/51-31/01/55
Dr. Reinaldo do Velloso 31/01/55-31/01/59
Dr. Netércio de Almeida (2º mandato) 31/01/59-31/01/63
Dr. Waldemar de lucenas pires 31/01/63-31/01/67
Dr. Horminio de Almeida 01/01/67-31/01/71
Dr. Milvio Mendes de oliveira 31/01/71-31/01/73
Dr. Waldemar Pires (2º mandato) 31/01/73-31/01/76
Dr. Silvio Mendes faria 31/01/77-31/01/83
Dr. Orlando Lucena ruas 10/02/83-10/02/89
Dr. Manoel Passos Gusmão 31/01/89-01/01/93
Eduardo Lopes Tomich 01/01/93-31/12/96
Manoel Gusmão / Ricardo 01/01/97-31/12/2000
Dr. Gerson de Oliveira Costa Filho 01/01/2000-31/12/2004
Ricardo Mendes Pinto 01/01/2005 – 31/12/2008
Ricardo Mendes Pinto 01/01/2009 – 31/12/2012
Daniel Pires Costa 01/01/2013– 31/12/2016
DISTÂNCIAS DE PEDRA AZUL/MG
Distancias
de Pedra Azul
Medina 48,7
Km
Itaobim
90,5Km
Ponto dos
Volantes 112Km
Padre
Paraiso 153Km
Catuji 183Km
Mucuri 221Km
Teólfilo
Otoni 252Km
Itambacuri
284 Km
Jampruca
338Km
Campanário
306Km
Frei
Inocêncio 349Km
Governador
Valadares 388Km
Periquito 434Km
Naque 447Km
Ipatinga
485Km
Coronel
Frabriciano 499Km
Timóteo
506Km
Nova Era
561Km
João
Monlevade 596Km
Caeté 672Km
Belo
Horizonte 705Km
Montes
Claros/MG 366Km
Rio de
Janeiro 970Km
São Paulo
1287Km
Salvador/BA
684Km
Vitória da
Conquista 167Km
Vitória ES
739Km
PECULARIEDADE DO VALE
Embora as cidades pertencendo ao mesmo Vale e estando de
certa forma próximas umas das outras, suas culturas maneiras e costumes
diversificam, o artesanato é peculiar à cada micro região.
A origem do artesanato é nativa dos indígenas, que já
criavam seus totens, amuletos e estatuetas que representavam personagens de
suas religiosidades. A transformação da linguagem e representação dos
artesanatos, veio com a cultura afro, que moldavam peças para as sinhás, e
junto com as esculturas e as pinturas, veio a tecelagem manual com fusos e
bilros trazidos pelos espanhóis, franceses e portugueses. Porem mesmo com a
entrada desta nova cultura, os artesões locais, mantiveram suas origens e
sempre contam os causos nas estatuetas e suas esculturas. Com uma boa
observação vamos perceber que mesmo sendo em barro (argila), há diferenças nas
personagens, cada micro região conta talvez as mesma história com as figuras
parecidas mas não literalmente iguais. Outro aspecto são os tipos de artesanatos
que se destacam, alguns partem para os vasilhames, outros pelas esculturas já
outras pelas confecções de bonecas de pano e bordados. Mas com certeza todo o
vale é muito rico em artesanatos, trazendo até mesmo divisas internacionais.
CULTURA MUSICAL
Todos nós sabemos da grande influência da musica na vida das
pessoas, pois estas nada mais são do que poemas musicados. O Vale do
Jequitinhonha também é bem recheado de artistas e trovadores. Muitos nomes
originados daqui brilham no cenário do sucesso. A exemplo temos entre tantos,
Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira, Rubim do Vale, Tadeu Franco, além
daqueles que permanecem em seus territórios.
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